Para Cavaco Silva e membros do Governo, as deslocações oficiais não têm ultimamente corrido da melhor forma. A insatisfação no país ganhou decibéis e faz-se agora ouvir, em versão de apupos e assobios.
Os tempos não estão de feição para deslocações oficiais. Na mais recente onde de vaias ao poder, o secretário de Estado do Emprego, Pedro Silva Martins, foi ontem recebido com assobios e gritos por sindicalistas e representantes da Comissão de Utentes da Via do Infante, à chegada à Biblioteca Municipal de Vila Real de Santo António.
Pedro Silva Martins deslocou-se à cidade algarvia para participar na apresentação do Plano Municipal de Emprego de Vila Real de Santo António.
No final da cerimónia, o secretário de Estado disse compreender o desagrado das pessoas perante as dificuldades que o país atravessa.
“As pessoas têm direito a manifestarem-se, a situação que o país atravessa cria descontentamento e é importante assegurar que todas as vias de diálogo estão abertas e serão seguidas”, afirmou Pedro Silva Martins, que à entrada não falou diretamente com os manifestantes.
Santos Pereira vaiado na Covilhã
Já o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, passou pelo mesmo no dia 29 de junho, após uma visita ao Parque de Ciência e Tecnologia da Covilhã.
Com insultos e vaias à mistura, foi necessária a intervenção do presidente da câmara local, Carlos Pinto, para que o ministro conseguisse entrar no seu automóvel, altura em que vários manifestantes tentaram impedir o carro de seguir a marcha.
Mais sorte não tem tido o Presidente da República. São já vários os episódios desagradáveis com Cavaco Silva que, no caso mais recente, a 16 de junho, foi também recebido por dezenas de populares com assobios, frente à câmara municipal da Póvoa do Varzim.
Primeiro-ministro fintou os apupos
Quase podia dizer-se que em jeito de balanço, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou esta semana que os protestos que têm acontecido em vários pontos do país quando de deslocações de membros do Governo “são manifestações organizadas”, promovidas por “sindicatos” e outras “organizações”.
Disse-o na quarta-feira, em Braga, onde duas centenas de pessoas se concentraram à sua espera, com bandeiras pretas, gaitas e assobios. Passos Coelho, que se deslocou a Braga para “apadrinhar” a assinatura de uma parceria entre a Universidade do Minho e a Bosch Car Multimedia, acabou por não se cruzar com os manifestantes, mas veio a público dizer que tinha fugido.
Ontem, porém, não conseguiu evitar os manifestantes que gritavam palavras de ordem contra ao Governo, quando chegou à Figueira da Foz para se juntar à celebração do 25.º aniversário da empresa Verallia Saint-Gobain.
Deviam era ser recebidos à bofetada. Mas não tardará até quer isso aconteça. Cambada de ladrões!