VAI ANDANDO QUE ESTOU CHEGANDO

Estamos a viver no plano político tempos movediços. A direita junta não se conforma com o facto de, para total surpresa deles, terem perdido o poder no decurso das últimas eleições legislativas nas quais, apesar de obterem uma maioria, tal resultado ficou escasso para poderem governar. A democracia quando funciona cria alternativas e foi democraticamente o que sucedeu.
A perda do poder executivo pela direita num momento tão por eles inimaginável, conduziu a um discurso sem nexo e a uma gestão política deplorável, assente em explorar casos, baseados ou ao infinito na tragédia Pedrogão, ou em criar outros, como no caso de Tancos para fragilizar a consistência política deste governo e das suas alianças políticas. Muitos de nós estamos recordados dos casos políticos criados artificialmente pelo Paulinho das Feiras, boné para as zonas de caça e chapéu para as áreas do cavalo.
Foi assim que entre chiquelinas, verónicas e passos de capote, a direita procurou pouco após o 25 de Abril, adaptar-se à nova realidade, centrando-se, desde o início, em captar a hegemonia do aparelho de estado e em particular no campo da justiça, na privatização de empresas arrastadas pela nacionalização da banca para recuperar o poder económico e no mesmo sentido o controlo em parte, ou no seu todo, da comunicação social, na base da qual formaram criaram,alimentaram, uma rede densa de comentaristas que lhes são afectos. Ou seja, o movimento revolucionário que nos libertou de décadas de ditadura e nos permitiu construir uma Constituição das mais avançadas em matéria de direitos e liberdades de toda a Europa, saída de cena do MFA, com a cumplicidade da meia esquerda, abriu mais facilmente caminho a décadas de poder exercido pelo centro e extrema direita.
É exactamente pela interrupção deste ciclo que a direita toda junta, na ausência de propostas políticas credíveis, volta para a formação dos ditos factos quer pela exploração ao máximo da tragédia de Pedrogão, quer pela venda de histórias da carochinha de Tancos. Porque, pergunto, alguém com dois dedos de testa, acredita que volumoso material de guerra tenha saída de um buraco de rede que estava a cerca de um quilómetro do seu hipotético armazenamento, ou que tenha entrado um camião e ninguém tivesse pedido a sua identificação? Ou, podemos pensar antes, que o material agora dado em falta tenha efectivamente sido comprado e não tenha chegado ao seu destino? Porque não? Então que se apure tudo doa a quem doer como recomendou Marcelo.
Mas o clima político está inquinado, a direita procura ganhar terreno junto da opinião pública reivindicando demissões do Governo, tema infelizmente acompanhada por cronistas da meia esquerda que se comportam como grandes senadores ao ponto de lendo a sua opinião ficar com a ideia que neste governo só se safam o primeiro-ministro e o das finanças de restozão todos baratas tontas num descrito ambiente e de comentário político na beirada do esquizofrénico (Público de 9.07). E as últimas demissões dos três secretários de estado foram politicamente de uma inoportunidade política que se supunha que Costa não tivesse.
Ainda neste contexto de comentário político o rapazola JMT num artigo intitulado “Somos Demasiado Complacentes com o PCP“ (Público de 08.07) ousa não só insultar os anteriores Secretários Gerais do PCP, como o actual, servido por uma linguagem que tem tanto de arrogante como insolente, comparando ainda o PCP com um grupo de actuais fascistas, passando ao lado do contributo que milhares de comunistas, em muitas circunstâncias da história de combate à ditadura estiveram sós. Deformando, ignorando que o PCP, com o qual mantenho muitas diferenças de opinião e não me incluo como leitor do Avante, deram vidas no duro combate à ditadura. Faltou-lhe coragem para, em consequência do que descreve, assumir, ou que o PCP tem de ser ilegalizado, ou então tem de moderar as suas opiniões políticas de acordo com o que ele e outros podem pensar.
Sem alarmismos desnecessário, é contudo importante estar atento!!

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NB: Defendo que o aeroporto de Faro se passe a chamar aeroporto do Algarve Manuel Teixeira Gomes

Carlos Figueira

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