VAI ANDANDO QUE ESTOU CHEGANDO

O País está a atravessar um bom momento e tal facto tem repercussões naturais no comportamento dos portugueses.

Todavia, contrariamente ao discurso da direita, tal se deve ao facto de terem vindo a ser repostos direitos sociais, equilíbrio das contas públicas a par de políticas de estímulo ao desenvolvimento, medidas que ao inverso, marcaram durante quatro anos a acção do governo presidido pelo  PSD/CDS. De facto a direita está perante esta conjuntura sem discurso político, refugiando-se na reivindicação abstracta de reformas sem concretizar quais e para que caminhos, ou na politiquice que não só desprestigia a vida democrática do País, como afasta boa parte dos portugueses do interesse pela vida política e pelo papel das suas instituições.

O que é um facto é que o País num curto espaço de tempo saiu do défice excessivo, reduziu endividamento, estamos com os níveis de desemprego abaixo dos dois dígitos, situação que não se conhecia desde há dezenas de anos, resolveu alguns dos problemas mais agudos na função pública com a integração de boa parte dos precários e apresenta um crescimento económico no primeiro trimestre do ano de 2,8 %, o que igualmante desde há muito não se verificava, estando para ser anunciada a saída de Portugal do procedimento por défice excessivo nas contas da EU, o que significa numa primeira instância que o País ganha outra credibilidade para acolher investimento.

É sobre esta realidade que se traduz o optimismo dos portugueses somado em boa verdade por uma conjugação de outros factores nos quais ganha importância emocional a vinda do Papa Francisco e, inesperadamente, ganharmos o Festival Europeu da Canção com uma balada que a todos nos emocionou.

Se tal ambiente se vai manter podemos sobre tal realidade especularmos. Se os resultados obtidos até agora são fiáveis e representam um caminho seguro para se operar uma grande viragem na economia do País, é caso para ter prudência. Não dependemos só do nosso esforço. Se sustentados em tal realidade se podem aprofundar acordos tendo como base maiores exigências na elevação do nível de vida e no aprofundamento de direitos sociais de uma parte ainda de grande significado que vive de salários baixos e reformas de miséria é questão que no quadro de uma negociação prudente pode justificar-se.

Certo também é a necessidade do País se ter de bater por reformas no quadro da EU que conduzam a alterações profundas no seu funcionamento, no respeito pelas diferenças e quiçá na própria reformulação do Euro. O que não se pode é viver no melhor dos dois mundos sem cuidar das consequências. Estar pela saída da EU e do Euro sem explicitar as consequências de tal acto para o dia seguinte é questão que não entendo, mais ainda com apoios eleitorais à esquerda a rondar os 7 ou 8 %.

Significa pelo menos, até para que algumas reformas necessárias se produzam no funcionamento da EU, que mais “ geringonças “ possam ter a oportunidade de nascer na Europa. A vitória de Pedro Sanches nas eleições para Secretário Geral do PSOE, mesmo tendo presente um processo que no plano ideológico se aproximou a certa altura de uma deriva sem sentido e coerência, o seu actual posicionamento, assumidamente à esquerda, perante o olhar inquieto dos velhos barões do PSOE, de Filipe a outros, abre no discurso de investidura, ao que deu a entender, uma nova porta. Que assim seja. Aguardamos os passos seguintes.

Carlos Figueira
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