VAI ANDANDO QUE ESTOU CHEGANDO

O mundo da alta finança aparece sempre envolto num nevoeiro a fazer lembrar os dias de forte Levante, quando a linha do horizonte se estingue. Os estratagemas em que se envolvem e lhes servem de cortina de protecção, não estão ao alcance do cidadão comum. Quando os escândalos rebentam o comum dos mortais dá-se então conta de algumas das tramóias urdinas para esconder fortunas e não pagar impostos que exigem ser pagos pelo cidadão comum, mesmo que em caso de falha desse compromisso, por razões de desemprego ou doença, possa significar sentença para a perda de casa ou de outros valores.

É neste contexto que na minha opinião se tem de apreciar o comportamento do ex-secretário das Finanças do governo do PSD/CDS Paulo Núncio, a contas agora não só pelos quatro anos de governo, onde a sua especialidade profissional veio colada a estratagemas de fuga a impostos no montante da operação que agora é conhecida, de mais de 10 mil milhões de euros para o Panamá. Núncio que se distinguiu, também agora se sabe, como advogado ao serviço de sociedades montadas na zona franca da Madeira, para branquear dinheiro de proveniência duvidosa e deslocar robustos montantes para países fiscais, exercício que desenvolveu com alto sentido profissional, ao longo de mais de uma década, lugar que trocou com o de Secretário de Estado dos Assuntos fiscais a convite de Paulo Portas cargo, no qual, por sua indicação deixou de ser publicada para efeitos fiscais, durante quatro anos, a transferência dos montantes já referidos para o Panamá.

Compreende-se a dificuldade que a direita tem para se pronunciar com credibilidade sobre tais evidências, como a disponibilidade de Núncio para assumir sozinho culpas neste cartório, quando na verdade o que está em causa e acima de tudo é a responsabilidade de todo o governo de coligação PSD/CDS. Daí que, quando Assunção Cristas na extensa entrevista que esta semana deu ao Público, referindo-se à personagem em causa, destaque o papel que o mesmo teve ” no combate à fraude e à evasão fiscal ” resumindo depois a responsabilidade do sucedido, ou seja da grossa fraude que está em investigação, para uma falha do sistema informático, tudo soa a falso.

Neste quadro espero, como muitos portugueses, que se investigue o papel desempenhado pelos diversos responsáveis e nesse sentido manifestar o meu apoio a Rui Rio ex-presidente pelo PSD na Câmara do Porto, quando afirma que mais que dar valor à troca de SMS entre Centeno e António Domingues, o que importa, de mais importante para o País, é investigar os responsáveis por este escândalo de fuga ao fisco e branqueamento de capitais.

Na edição do Expresso de 11 de Março é publicada uma nova sondagem sobre intenções voto na qual se observa um fosso que se tem vindo a verificar entre as intenções de voto expressas no PS e nas forças que à sua esquerda, PCP e Bloco, suportam o seu governo, e que neste momento se situam em 55,5%, enquanto que PSD e CDS juntos, não somam mais que 36%. Tratam-se de resultados que em boa verdade, apesar das diferenças de projecto que distinguem o PS do PCP e do Bloco, abrem caminho, como tenho vindo a insistir, para o aprofundamento dos acordos que têm com êxito dado corpo a esta solução governativa.

Estes últimos dias têm mediaticamente sido marcados pelo impedimento numa faculdade em Lisboa de uma conferência de Jaime Nogueira Pinto, conhecido pela ideologia que exprime, como saudoso do anterior regime em matérias como a descolonização empreendida após o 25 de Abril, como a de considerar como exemplo de estadista Salazar. Nada destas ideias suportadas por uma ideologia que em muitos aspectos se confunde com o fascismo, não me causa qualquer perturbação porque considero que a democracia é mais forte. Nesse sentido compartilho da opinião que estas teses devem ser debatidas sem constrangimentos de que parte forem. Mais que não seja para repudiarem o título do Expresso ao anunciar em primeira página, a publicação do “texto proibido de JTP”. É preciso ter descaramento!

NB: Quando da inauguração das obras do aeroporto de Faro proponho que o mesmo se passe a chamar Aeroporto de Faro Manuel Teixeira Gomes.

Carlos Figueira

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