Traficantes recebem dinheiro dos imigrantes. E depois matam-nos em alto mar

ouvir notícia

.

A última semana foi dramática para os imigrantes clandestinos que, diariamente, se lançam na perigosa travessia do Mediterrâneo. Pelo menos 700 pessoas em fuga de África e do Médio Oriente foram vítimas de naufrágios quando tentavam chegar à Europa, anunciou esta terça-feira a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Investigadores da organização falaram com dois dos nove imigrantes que sobreviveram ao naufrágio de uma embarcação que transportava mais de 500 pessoas e que foi abalroada por traficantes ao largo da costa de Malta.

Os sobreviventes contaram que os traficantes deram ordens aos que estavam a bordo para que trocassem de embarcação em pleno Mediterrâneo. Os imigrantes recusaram passar para outro barco por não oferecer condições de navegabilidade, o que provocou a ira dos traficantes, que abalroaram a canoa, afundando-a, disse à Reuters a porta-voz da OIM Christiane Berthiaume.

- Publicidade -

“Seguiam a bordo umas 500 pessoas – sírios, palestinianos, egípcios e sudaneses. Estavam a tentar chegar à Europa”, confirmou a porta-voz. “Isto significa que 700 pessoas morreram no mar Mediterrâneo nos últimos dias, nos acidentes mais mortíferos num curto espaço de tempo”, acrescentou.

“Ações tão insensíveis como maldosas”

A embarcação partira no sábado, dia 6 de setembro, de Damiette, Egito, e naufragou ao largo de Malta quatro dias depois. Alguns dos sobreviventes só foram salvos na passada sexta-feira, 48 horas mais tarde.

“Se os relatos dos sobreviventes se confirmarem, este será o pior naufrágio de imigrantes em anos, não se trata de uma tragédia acidental mas, aparentemente, do afogamento deliberado de imigrantes por grupos criminosos que lhes extorquem dinheiro pelas viagens. As suas ações são tão insensíveis quanto maldosas”, explicou outro porta-voz da OIM, Leonard Doyle.

Uma outra embarcação que partiu da Líbia com 250 imigrantes africanos teve destino idêntico, confirmou um porta-voz da Marinha líbia no domingo passado. Apenas 26 dos que seguiam a bordo sobreviveram.

Uma combinação de fatores tem contribuído para o considerável aumento dos que tentam fugir ao conflito líbio. “Não existem outras opções tão fáceis para sair da Líbia. Eles não conseguem chegar aos países vizinhos do norte de África. Isto tem feito aumentar o número de pessoas desesperadas para fazer a travessia e que acabam presas fáceis de traficantes sem escrúpulos”, afirmou o porta-voz da agência da ONU para os refugiados (ACNUR), Francis Markus.

Vinte mil mortos em duas décadas

O diretor-geral da OIM, William Lacy Swing, também lamentou a morte de inocentes na página da organização na Internet. “Os números de mortos ao largo da costa europeia são chocantes e inaceitáveis. São mulheres, crianças e homens que só ambicionam uma vida mais digna. Os riscos que correm demonstram o desespero em que se encontram e não podemos abandoná-los à sua sorte.”

Desde o início do ano, cerca de 3000 imigrantes ilegais perderam a vida ao tentar atravessar o Mediterrâneo, quase quatro vezes mais do que em 2013. Cerca de 130 mil pessoas conseguiram chegar à Europa pelo Mediterrâneo, em 2014, mais do dobro do ano anterior, em que foram contabilizados 60 mil, segundo a ACNUR.

Só este ano, mais de 118 mil chegaram à costa italiana, destino preferencial dos ilegais, muitos dos quais acabaram por ser salvos pela missão de resgate no Mediterrâneo Mare Nostrum, um projeto criado depois da tragédia de Lampedusa, em outubro do ano passado.

Instituições de caridade que apoiam imigrantes ilegais acreditam que, nas últimas duas décadas, cerca de 20 mil pessoas morreram afogadas quando tentavam chegar à Europa.

RE

- Publicidade -
spot_imgspot_img

Deixe um comentário

+Notícias

Exclusivos

1 COMENTÁRIO

  1. A culpa é da Europa que não expulsa os imigrantes logo quando chegam.Alguns ficam e esses incentivam outros a vir para a Europa de preferência mulheres gravidas.Alem disso muitos deles se tivesse ficado em Africa eram mortos ou matavam alguém,são pessoas muito diferentes dos europeus e nunca deveria ter sido permitida a entrada no nosso continente,alias,nem temos falta nenhuma,temos 900 mil desempregados e por cada imigrante que entra em Portugal é um emprego que se perde,só se o imigrante limitar-se aos subsídios.

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.