SMS: Os Luzicus

Também os há. Por entre as ilustres figuras que estragam a vida, a confiança e a convivência pública, estão os Luzicus. Já aqui se falou dos Trepadores, dos Vira-casacas, dos Apanha-bolas e dos Estafermos, acontecendo que quem se pica alhos mordica.

Gente dessa há em todos os partidos, em todas as associações e em todos os na-vios. Mas há uma espécie de gente que não é nada disso e estragam tanto como os citados – são os Luzicus. Notam-se pelas suas emissões de luz fosforescente. A sabedoria popular não esteve cm meias-medidas e aproximou tais seres do que de facto são, embora muitas vezes não pareçam – chama-lhes os caga-lumes.

Não que gostem especialmente da noite mas é de noite que exibem as suas aptidões que enganam o mundo – fazem lume mas não iluminam nada ou pouco, quando muito meio-metro à sua volta. E voam, se voam. Os Luzicus da política, da cultura e até da economia, das finanças, tal como os insectos que usam com toda a legitimidade o mesmo nome, costumam voar muito alto, acima da copa das árvores. Uns vivem como meteoros – riscam o céu da política ou da cultura, e desaparecem num ápice. Outros, caso se imobilizem lá no alto por tática, parecem astros entre os astros, mas apenas fosforescem. Outros ainda, lá porque têm na parte anterior do tórax, duas manchas que usam como “lanternas” mais uma terceira no abdómen que só entra em actividade quando estão voando, convencem-se que podem ser líderes, e até chegam a isso. Mas a sua luminosidade dá-lhes a enormíssima desvantagem de atrair predadores como a lagartixa.

Os Luzicus, se não passaram de uns guarda-livros tal como nos velhos tempos, intitulam-se economistas; se fazem por aí uns fretes culturais, até à família exige que os tratem por Camões; se na política se convertem em profissionais disso mesmo, vestem-se conforme a cerimónia, desde que o fato não lhe tape o sítio por onde emitem a tal luz que não ilumina.

Bem hajam.

(Próximo episódio: Os Lambe-botas)

 

Flagrante injustiça da vida e do destino – o desaparecimento sem sentido do nosso companheiro da História e da Cultura, Luís Guerreiro. Dói fundo e sem remédio.

Carlos Albino

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