REFLEXÕES URBANAS

O papel crucial hoje das cidades médias portuguesas

As cidades médias assumiram hoje em Portugal um papel crucial, importante. Na ausência da regionalização, elas poderão corresponder a uma forma de obviar essa mesma regionalização. Postadas no tecido regional, distribuídas equitativamente pelo território, elas poderão ser factor importante de influência regional. Terão evidente de se especializar, como dizia o Prof. Hernani Lopes, de se tornar mais exigentes consigo próprias. As cidades médias portuguesas tem dado passos em frente em termos de urbanismo. Muitos decisores locais têm a noção já hoje do que deve ser uma cidade. Em que áreas devem apostar. Dou um exemplo. Almeida Henriques, novo presidente da Câmara Municipal de Viseu, constatou que a cidade tinha ganho mais vinte mil habitantes, mas que o centro histórico, ao contrário, tinha perdido habitantes. Consequência disso, facilmente compreendeu que a sua política tinha que começar pelo centro histórico. Gizou um plano a dez anos de revitalização do centro, findo os quais o centro histórico apresentaria uma candidatura a património da humanidade à Unesco. Este Verão, de acordo com esse propósito, lançou o Festival de Artes Urbanas, como forma de articular artistas locais com internacionais. Tem sido um êxito. A Viseu tem acorrido artistas, investigadores, de todo o mundo. Ao inverso de Viseu, Faro apostou noutros valores. Dir-se-ia num antagonismo de valores. O Jardim Manuel Bivar foi completamente transformado. A Vila-a-Dentro, também. Em vez de artistas, de procura de valores, de pesquisa de experiências pluridisciplinares, prevaleceu o pimba, o espectáculo trauliteiro, a bizarria sem quartel. Vai alguma coisa disto ficar? Eu creio que não. Que Viseu é um bom exemplo de antagonismo de valores. Que os valores representam diferenças. Que Viseu está em construção de imagem urbana. Que Faro não. Que as cidades médias como Viseu, como Faro, têm que sair da banalidade, ir um pouco mais dentro dos problemas. Não é um problema muitas vezes de dinheiro. Mas sim de concepção, de posicionamento estratégico. Não precisamos de mais liderança. Mas muitas vezes de melhor liderança.

Viegas Gomes

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