As demolições nas Ilhas Formosa
As demolições nas ilhas do Parque Natural da Ria Formosa prosseguem embora a um ritmo algo vagaroso. As demolições fazem parte de um programa cinzento de que não conhecemos os grandes objetivos. É um programa como disse lento, disperso, que não sei se algum dia ficará concluído. Na Ilha de Faro as demolições têm se efetuado em pequenas, toscas, habitações, o que faz supor que o critério foi a valorização arquitetónica. Com efeito outras segundas habitações, com vários pisos, têm se mantido incólumes, tudo fazendo crer que sem dar por isso o critério foi esse, o de revitalizar a cultura da arquitetura ecológica. Creio que não é esse o pressuposto da ação, o fim em vista. O objetivo foi o de , pegando em alguns critérios, não princípios, tentar chegar à regeneração das ilhas. Com base no critério da segunda habitação deitar abaixo pequenas casas e deixar intactas outras de maior causalidade negativa sobre o aspeto meio-ambiental, social e económico. Três das principais razões da sustentabilidade e que ficaram de fora do programa. Ter-se-á chegado a qualquer coisa indiferenciada, de pouca importância. A ponte da ilha continuará, o alcatroamento do cordão dunar também, os edifícios de três pisos outo tanto. Nada foi atingido, nada foi recuperado. As razões invocadas não justificaram as iniciativas. A consolidação das ilhas está longe de ser obtida. Quanto muito, repito, terá sido obtido um certo reordenamento arquitetónico da ilha. Mas o pensamento ecológico do programa foi defraudado. O que diriam os papas da ecologia, seu movimento, Richard Rogers ou Norman Foster? Que terá faltado adicionar preocupações meio-ambientais mais amplas. Que faltou atalhar os problemas ecológicos mais iminentes. Deitar abaixo simplesmente edifícios não basta. Ficou de fora a sustentabilidade de qualquer projeto com raízes e razão de ser.
Viegas Gomes