Prejuízo de 251,9 milhões de euros. Mas o Novo Banco não era o “banco bom”?

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O Novo Banco fechou o primeiro semestre deste ano com prejuízos de 251,9 milhões de euros. O valor não é comparável com o primeiro semestre do ano passado, altura em que o BES estava em colapso. A razão destes resultados inclui fatores comerciais. Mas o peso maior decorre do nível de provisionamento que ascendeu a 271,6 milhões de euros, dos quais 252,3 milhões para crédito. Um legado do antigo BES que o banco presidido por Eduardo Stock da Cunha ainda carrega.

É o caso da anulação contabilística de juros, provenientes na sua maioria de grandes operações feitas antes da intervenção do Banco de Portugal no banco – que dividiu o BES em dois -, no valor de 103 milhões de euros antes de impostos. A carteira de crédito do Novo Banco inclui diversos contratos antigos com grandes clientes que enfrentam situações de insolvência ou, pelo menos, que não conseguem cumprir as suas responsabilidades perante a banca. Assim, o Novo Banco teve de anular juros (que são receitas), o que prejudica os resultados e, por outro lado, significa que houve provisões que foram mal calculadas.

O banco destaca também o reconhecimento de imparidades para toda a carteira de títulos, em que “assumiu especial relevância a desvalorização da participação na Pharol SGPS e na Oi, no valor de 55,4 milhões de euros”.

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A margem financeira atingiu os 214,7 milhões de euros o que, além de refletir a anulação dos juros já referida, inclui também o impacto da estratégia agressiva na remuneração de depósitos. Uma estratégia de sobrevivência para aliviar os níveis baixos de liquidez que o banco registava em setembro de 2014.

Quando o BES foi “partido” no início de agosto do ano passado entre “banco mau” (BES) e “banco bom” (Novo Banco), os chamados ativos tóxicos (em grande parte relacionados com o escândalo do BES) foram transferidos para o balanço do “banco mau”. Já o “banco bom” teve uma injeção de 4,9 mil milhões de euros em “cash”. Só que no seu balanço há ainda créditos que não serão pagos. É aliás também por isso que um banco que recebeu uma injeção de 4,9 mil milhões vale menos do que 4,9 mil milhões. Porque contém prejuízos que ainda estavam por assumir. Começam agora a ser assumidos.

Os resultados do Novo Banco são ainda prejudicados pelo facto de o banco ter aumentado as taxas de juro de depósitos no último trimestre do ano passado. No entanto, esse aumento de custos é o reverso de uma boa notícia: foi assim que o Novo Banco estancou a saída de depósitos e, pelo contrário, reverteu a situação a seu favor. Só nos primeiros seis meses deste ano, o Novo Banco aumentou os seus depósitos em 2,3 mil milhões de euros. E no último trimestre já baixou o custo dos depósitos.

O Novo Banco destaca ainda o facto de ter havido uma “melhoria expressiva da liquidez”, patente no rácio de transformação, que caiu para 114%, dos anteriores 126% em dezembro de 2014.

RE

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1 COMENTÁRIO

  1. Eu pergunto se o governo não tem medo que os depositantes com a venda comecem a retirar o dinheiro ? 2º o que levará alguns depositantes a manterem lá algum dinheiro não todo será que os depositantes já não confiam em banco nenhum .

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