Portugal é a sétima economia mais lenta do mundo

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É um tema recorrente no debate político o facto de a economia portuguesa ter vivido uma década negra na viragem do milénio. Entre 2001 e 2010, Portugal cresceu apenas 0,8% ao ano e foi um dos países mais lentos do mundo neste período, que acabou por se traduzir num salto do desemprego de 4% para quase 11%. A década passada representou uma travagem brusca face ao crescimento médio de 3% conseguido nos anos 90 e contribuiu de forma decisiva para a fragilidade com que a economia enfrentou a crise financeira.

O pior é que a atual década, mais precisamente o período de 2011 a 2020, será ainda mais negra. O Expresso fez as contas a partir das novas previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgadas esta semana em Washington, onde decorrem as reuniões de primavera da instituição e do Banco Mundial, e o ritmo de crescimento médio anual cai drasticamente para 0,2% ao ano. Portugal é a sétima economia mais lenta do planeta neste período, depois de ter estado igualmente na ‘cauda do pelotão’ na década anterior.

No balanço destes 20 anos, o PIB vai crescer, em média, apenas 0,5% ao ano. Estes números incluem, no entanto, quatro anos de recessão na economia nacional: em 2009, durante a Grande Recessão a nível mundial, e o período da troika entre 2011 e 2013. No primeiro caso, o PIB recuou quase 3%. Nos três anos de queda da intervenção externa, a queda acumulada atingiu mais de 7%.

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Pelo meio, houve um crescimento de 1,9% em 2010, que não chegou para recuperar o tombo inicial, e, em 2014, o PIB inverteu e cresceu 0,9%.
No final deste ano, assumindo um crescimento de 1,6% estimado pelo FMI para este ano, o PIB português estará ainda cerca de 6% abaixo do nível pré-crise financeira.

Portugueses ultrapassados

Além do desemprego, que irá continuar elevado durante anos – o FMI aponta para 10,8% em 2020 -, outra das consequências do fraco crescimento português é ver os portugueses a serem ultrapassados em termos de PIB per capita. Este ano, a julgar pelas estimativas do FMI, Portugal estará na 39ª posição a nível mundial, com um PIB por habitante de 19,3 mil dólares por ano (€18 mil), numa tabela liderada pelo Luxemburgo com 96,3 mil dólares (€89,7 mil). Dentro de cinco anos, os portugueses caíram para a 41ª posição com um valor de 23,2 mil dólares (€21,7 mil) e ultrapassados, entretanto, pela Grécia e Estónia.

Entre os países de crescimento medíocre nesta década, destacam-se vários da moeda única. A expressão “crescimento medíocre” usada por Christine Lagarde na semana passada, em relação à retoma em curso na economia global, assenta que nem uma luva à zona euro. No conjunto, os países do euro vão ter um crescimento médio anual de 1,1% entre 2011 e 2020 (depois de 1,2% na década anterior), que fica já bastante atrás dos EUA (médias de 1,7% e 2,4% nestas duas décadas) que têm, já de si, alguns problemas. E entre os países mais lentos do planeta estão vários da moeda única. Além de Portugal, nos dez piores, estão ainda Itália, Chipre e Grécia.

Pelo contrário, as ‘lebres’ do planeta nestes dez anos são o Turquemenistão, a Etiópia, a Mongólia e Moçambique.

RE

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