Opinião de Carlos Figueira
A cidade da Covilhã acolheu sob o lema “Conhecimento e Mercantilismo” entre 13 e 15 de Outubro o XI Congresso da Associação Internacional das Cidades e Entidades do Iluminismo (AICEI) cuja Comissão Executiva tem como Secretário Geral o Presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, cidade que desde alguns anos funciona como sede permanente da Associação. A Covilhã foi assim como os próprios o identificaram a cidade que acolheu durante três dias um debate vivo em torno do conhecimento, debate no qual marcou presença o Professor Horta Correia.
O facto de ser a Covilhã a organizar este evento, um dos últimos aderentes da AICEI, no mesmo momento que aderiu a Universidade de Coimbra, trouxe-lhes responsabilidades acrescidas que, devo desde já anotar, o realizaram com grande profissionalismo e entusiasmo, numa linha em que a cidade se procura afirmar através de um programa de eventos em que o saber e o conhecimento marcam presença. Ou seja, ter na cultura em estreita articulação com a Universidade da Beira Interior, estrutura que a cidade acolhe, um elemento estratégico para a sua afirmação e desenvolvimento.
Por outro lado confirma que a estratégia que o Secretário Geral traçou para a Associação, tendo como um dos grandes objectivos alargar a sua base associativa, quer com a chegada de novos sócios e nessa direcção esperamos em breve acolher a cidade de Lisboa, quer com o estabelecimento de Protocolos com cidades e entidades como foi o caso presente neste Congresso com a cidade da Guatemala e a Universidade de Lleida, esperando-se em breve tal percurso com o Museu Machado de Castro em Coimbra.
A Covilhã tem no século XVIII a marca do Marques de Pombal quando este, tendo como expressão de poder, um indelével traço que marca decisões embora atento à modernidade, mas exercido através de um poder despótico, decide criar ai a Real Fábrica dos Panos, unidade fabril estatal, dada a necessidade de equipar o exército e a marinha. E foi na Covilhã porque ali dispunha da matéria prima de base, ou seja, a lã.
A cidade procura hoje reinventar-se após anos de crise que se prolongaram na indústria dos lanifícios desde toda a década de oitenta, não resistindo aos efeitos da globalização e à concorrência movida pelo oriente, o que conduziu ao encerramento da esmagadora maioria das fábricas instaladas no seu território, cujos cadáveres marcam ainda presença em alguns locais da cidade. Reinventar-se para não ficar tão dependente de um turismo de inverno que dado o seu curto espaço temporal, dele se recente a actividade a rentabilidade da actividade hoteleira, o comércio e os níveis de empregabilidade, reinventar-se tendo como um dos vértices a recuperação da actividade industrial em torno da lã com o desafio para a produção de tecidos inteligentes, do alargamento da actividade turística a outras áreas muito em torno do seu património e para fechar o vértice a importância que estão dando à cultura.
O XI Congresso que teve a presença do Engº. Luís Gomes Secretário Geral da Associação, foi um dos eventos mais participados nos últimos anos, desde que de perto acompanho a vida da Associação. Para o próximo ano terá lugar em Cartagena, em Outubro, e em 2018 na cidade de Coimbra, decisões acertadas, tomadas na reunião de sócios, realizada à margem do Congresso.
Carlos Figueira
