OPINIÃO: É-me indiferente se o gato é branco ou preto, contanto que apanhe ratos…

Opinião de Luigi Rolla

Emulando Mao Tsé-Tung, digo: «É-me indiferente se o próximo Presidente é branco/a ou preto/a, contanto que governe bem…»

A pouco mais de um ano de celebrarmos novas eleições autárquicas, quando o actual elenco municipal dobrou o equador do seu terceiro mandato com o Senhor Eng.º Luís Gomes como Presidente, já se iniciou mais um totopresidente. Nestes quarenta e dois anos de democrática vida política concelhia, no nosso município, com Comissões Administrativas e a passagem de presidentes de câmara vinculados aos três maiores partidos do espectro político nacional, nunca tivemos uma mulher na chefia dos destinos do nosso concelho; houve sim uma candidata (Jovita Ladeira) às eleições de 2009, não tendo sido eleita. Gostava que houvesse uma mulher na presidência do meu Concelho; mas também nunca tivemos um presidente independente – refiro-me a um presidente sem apoio partidário -; houve sim um independente (António José Martins), mas com o apoio do PCP.

Também não é de excluir a proposta feita pela ex-dirigente do Bloco de Esquerda, Ana Drago, no Congresso do PS […] «que as esquerdas devem entender-se também relativamente às eleições autárquicas do próximo ano, consensualizando posições que se traduzam em eleições eleitorais». Arrisco-me a dizer: «é a única hipótese que resta à oposição(?) para vencer as próximas eleições…» Aos fautores de uma hipotética aliança “à esquerda” na nossa “Vila” transcrevo o que disse uma vez Bepe Severgnini: «Os compromissos e as alianças têm de ser decorosos. Perguntar-vos-eis: Qual é o metro de juízo? Simples: Se forem tornados públicos, não deveis envergonhar-vos deles.»

Como digo atrás, tivemos Presidentes de três fações distintas e nenhum deles roçou a excelência nos testes da sua gestão, nem mesmo na óptica dos seus apaniguados. As avaliações, sempre discutíveis, são diametralmente opostas, de acordo com a opinião de cada cidadão, com os da oposição classificando-os com um “medíocre” e os camaradas de partido dando-lhes um “bom”. Mas todos os Eles fizeram, certamente, o melhor que puderam e souberam, e sempre condicionados por factores externos, que muitas vezes contrariam e impedem pôr em prática as promessas feitas aos eleitores.

Entretanto, no futuro imediato, os membros da equipa cessante, uns regressarão à vida de antes, outros manter-se-ão na política – local, regional, nacional ou até internacional -, fazendo dela meio de vida. Os que deixardes a política, por escolha pessoal, imperativo legal ou imposição popular enfrentareis uma realidade posta de lado durante o vosso périplo político. Tereis que adaptar o vosso modus vivendi a uma realidade esquecida. Abdicareis do carro de serviço, nalguns casos “topo de gama” – todos eles sem dístico identificador -, ficareis a saber quanto custa ter carro próprio, comer no Sem-escamas, ter telemóvel ou viajar às “américas”. Protestareis contra as portagens na Via do Infante e o parqueamento pago na Concelho, e privados do carro de serviço, vireis à “Vila” de autocarro. Em suma, regressareis à quotidianidade do cidadão comum…

Por força da Lei, que impede qualquer Presidente poder recandidatar-se a um quarto mandato – para tristeza de muitos e alegria de outros tantos -, teremos certamente, na chefia “do nosso destino”, no quadriénio que se avizinha, ou uma cara nova ou uma “velha cara”, que depois de ocupar um posto de subalternidade guindar-se-á ao lugar cimeiro, impelido/a pela experiência adquirida. O/a new entry terá a vida facilitada… prometerá e nós acreditaremos ou não nas suas promessas. Para o/a candidato/a vindo/a da actual nomenklatura a tarefa será mais árdua… prometerá, correndo o risco de ser contrastado/a com a insidiosa pergunta do eventual votante: «e porque não fizeste tudo isso enquanto lá estiveste?… E será sempre confrontado/a com os erros cometidos pela equipa a que pertenceu.»

Entretanto, assistiremos à corrida de vários cidadãos que constituirão uma larga panóplia de candidatos a candidatos, enquanto o Povo recusa hipotéticos candidatos ou sugere o “político” da sua simpatia. Durante uns meses deixaremos de ser técnicos de futebol para sermos analistas políticos, e eles, os candidatos a candidatos, procurarão convencer-nos como sendo os mais habilitados para o lugar, e por fim, as cúpulas dos partidos designarão e consagrarão o seu delfim, emergindo, ou não, uma nova estrela no firmamento da política local… A partir desse momento seremos “assediados” por um personagem – homem ou mulher – que, como nunca o fez anteriormente, sorrir-nos-á, saudar-nos-á e preocupar-se-á com a nossa saúde ou com a dos nossos familiares, porque «se alguém, que não conheces ou mal conheces, te saúda ou sorri do outro lado da rua, fica a saber, é certamente um candidato à presidência da câmara do teu município…»

Seremos “bombardeados” por milhentas promessas, sabendo-se de antemão, que muitas delas não serão cumpridas e aos candidatos sugiro: «sede parcos nas promessas, porque mesmo aquelas que vos parecerão fáceis, revelar-se-ão difíceis de cumprir quando assumirdes o cargo. Constatareis, como aconteceu com alguns vossos antecessores, que afinal, o anterior inquilino da Casa da Câmara «deixou as arcas vazias e milhões de dívida». Surgirá então a sacrossanta frase: «Herdámos uma Câmara falida!…», no entanto, logo a seguir, como por artes mágicas, achareis dinheiro para subsídios, foguetório, desfiles, festanças e comezainas…

Se tiveste a pachorra de ler esta crónica até ao fim, penso não estar demais reiterar «que me é indiferente se o/a futuro/a Presidente é branco/a ou preto/a… contanto que governe bem!…»

«Antes de votares és um amigo; depois és tão-somente um contribuinte.» (NdoA: – Não sei quem disse, mas estou de acordo.)

Luigi Rolla

 

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