O que Edward Snowden fez foi “serviço público”, admite ex-procurador-geral dos EUA

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Edward Snowden é responsável por uma das maiores fugas de informação da história dos EUA

Edward Snowden deve ser julgado por ter tornado públicos documentos confidenciais da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla inglesa) mas o seu julgamento deve ter em conta como atenuante o facto de ter contribuído para lançar um debate público sobre as técnicas de vigilância do governo norte-americano.

Quem o diz é Eric Holder, ex-procurador-geral dos Estados Unidos que ocupava esse cargo quando Snowden fez as primeiras revelações em junho de 2013, numa entrevista ao jornalista David Axelrod no seu programa de podcasts The Axe Files no “The Guardian”.

“Podemos discutir a forma como Snowden fez o que fez, mas penso que na verdade ele executou um serviço público ao elevar o debate sobre como nos envolvemos e as mudanças que alcançamos”, defendeu o antigo investigador máximo do país na discussão de uma hora, sublinhando a necessidade, ainda assim, de julgar e condenar o ex-funcionário da secreta norte-americana pelas suas ações. “Diria que o que ele fez e a forma como o fez foi inapropriada e ilegal.”

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Responsável por uma das maiores fugas de informação da história dos EUA, o analista de sistemas norte-americano fugiu para Hong Kong há três anos a fim de passar a vários media internacionais, incluindo o “The Guardian”, um primeiro conjunto de documentos confidenciais da NSA onde era revelado um programa secreto de vigilância de cidadãos em massa, que vir-se-ia a provar que serviu também para monitorizar governos estrangeiros, tanto de aliados como de rivais dos EUA. A agência defende desde então que o secretismo serviu apenas para “proteger os americanos”.

“Eu sei que alguns dos nossos agentes foram postos em risco [pelas ações de Snowden], que houve relações com outros países que ficaram danificadas, que a nossa capacidade para manter o povo americano seguro foi comprometida”, defendeu Holder na conversa com Axelrod. “Tivemos de refazer todo o tipo de coisas por causa do que ele fez e enquanto essas coisas estavam a ser feitas, fomos cegos a determinadas áreas bastante sensíveis. Portanto o que ele fez não foi sem consequências.”

Ainda assim, e apesar de defender que Snowden deve regressar de Moscovo, onde está a combater a ordem de extradição dos EUA sob acusações de espionagem e traição, para ser julgado, Holder diz que a natureza de “serviço público” do delator deve ser considerada nesse processo judicial. “Penso que ao decidir a sentença apropriada, um juiz deve ter em consideração a utilidade do debate nacional” que foi lançado graças a ele.

Joana Azevedo Viana (Rede Expresso)

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