CRÓNICA DE FARO

E se ocorrer na Lejana?

Há meses houve uma preocupante e nefasta ocorrência com o incêndio verificado no bairro da Horta da Areia, que consumiu várias habitações daquele que é um dos “ghuetos” citadinos, erigido pelo município para situação pontual e com prevista duração mínima, que já lá vai em quase 40 anos…

Trata-se de uma das zonas preocupantes da capital sulina, vivendo dezenas largas de farenses, de todos os escalões etários em mais que desumanas, inaceitáveis e indesejáveis condições ou com a quase total ausência das mesmas.

Mas outras situações e por sinal bem mais graves tem a cidade de Faro, diremos em paralelo com outros núcleos populacionais importantes deste país, num afrontamento pleno à desejada dignidade que passa também e em elevada percentagem pela habitação. Consideramos que pouco ou muito pouco se tem feito neste aspecto em prol das gentes mais necessitadas, mas com pleno e constitucional direito a uma casa condigna, onde possam viver com as condições aceites como, pelo menos, minimamente aceitáveis.

Num destes dias fomos até ao Centro de Saúde, ali na Lejana, nas imediações de um depósito elevado de abastecimento de água e encaramo-nos mentalmente com a interrogação: e se o incêndio que ocorreu na Horta da Areia tivesse sucedido neste longo e crescente em espiral núcleo de barracas onde moram centenas de cidadãos de etnia cigana?

Nem somos capazes de prever, com toda a dedicada actuação dos Bombeiros de Faro e não só, porque de outras terras vizinhas teriam que vir, por certo, lutar contra a extinção da possível calamidade que pode efectivamente e a qualquer instante ocorrer, o que sucederia.

Estamos convictos que o assunto não passa despercebido nem motiva fortes preocupações aos autarcas e aos responsáveis pela segurança das pessoas que ali habitam, das suas vidas e dos seus bens e de e para onde seriam alojados.

Esta questão dos moradores do bairro clandestino da Lejana, paredes meias com pontos de referência: Avenida Calouste Gulbenkian (espinha dorsal nas ligações barlavento/sotavento), escola Dr. José Neves Júnior, Centro de Saúde, Consulado de Angola, Arquivo Distrital, RDP, etc. e zona habitacional de elevado índice, urge seja considerada com frontalidade e humanismo, compreensão e realismo, capacidade de intervenção e respeito pelos direitos que são devidos às centenas de farenses que ali residem.

 

João Leal

 

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Recebemos o ilustre conterrâneo, Professor Mário Centeno nas nossas instalações para uma entrevista exclusiva.

2 COMENTÁRIOS

  1. O que dizer da entrada de Faro pela estrada de S. Brás, perto do Supermercado Continente, Aldi, às portas de Faro, no Sitio do Escuro, como vivem pais, avós jovens e crianças, numa casa emparedada? Porque mostram a miséria a quem entra na cidade?

  2. Em Lisboa no consulado de João Soares (filho do Mário) enquanto presidente da Câmara de Lisboa, ele conseguiu desmontar o bairro do Casal Ventoso que feria a vista para quem entrava ou saía de Lisboa, desde o acesso à Ponte Salazar. Essa transmutação teve enormes custos, e realojaram as pessoas no Bairro do Evaristo, perto de Alcântara, com direito a esquadra da PSP.
    Uma das intenções era acabar com o tráfico da droga naquele bairro. Mas nas duas vertentes nada se conseguiu: a droga roda no Largo da Meia Laranja, perto do antigo bairro do Casal Ventoso e paredes meias com Campo de Ourique; a PSP, por sua vez ameaça encerrar a esquadra no novo bairro, e se tal acontecer, a maioria dos habitantes começa já a bater o dente de medo, pelo retorno das mafias a ditarem as suas leis muito próprias de terror.
    Quanto à entrada de Faro, junto ao Continente, de facto é muito pouco nobre o que ali acontece com os ciganos a emoldurarem a paisagem terceiro mundista do Leste da Europa, mais parecendo a Roménia. E de facto eles são de ascendência Romani. Então o que fazer para alterar tal situação? Muito pouco diria eu, se poderá fazer, porque os ciganos nunca estiveram tão bem de vida. Com o seu RSI, que se riem e mostram as notas aos circunstantes (nós vulgares contribuintes fiscais) na estação dos CTT quando o vão levantar dizendo-nos a rirem-se (a gozarem-nos): “vocês descontam e a gente vive à vossa custa”. Qual a saída?

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