‘Corralito’ na Grécia provoca contágio no mercado da dívida

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Esta segunda-feira vai ser o primeiro dia de uma semana “quente” em que se vai testar nos mercados financeiros a dimensão do contágio grego: um abalo ligeiro ou um “acidente” com um impacto assinalável.

A bolsa de Tóquio, a mais importante da Ásia, fechou no vermelho, com o índice Nikkei 225 a cair 2,88%. As bolsas na zona euro abriram no vermelho.

No mercado secundário da dívida soberana, as yields das obrigações dos periféricos do euro abriram em alta, com as yields das Obrigações do Tesouro português (OT) no prazo de referência, a 10 anos, a abrirem acima de 3%, registando, pelas 8h30, 2,95%, mais 17 pontos base do que no fecho da semana passada. Recorde-se que as yields destas OT registaram um mínimo histórico de 1,51% em março e um máximo do ano acima de 3,2% a 15 de junho.

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O prémio de risco da dívida portuguesa subiu para 215 pontos base – o equivalente a um diferencial de mais de 2 pontos percentuais em relação ao custo de financiamento da dívida alemã, que estava a descer na abertura desta segunda-feira. O máximo do ano foi registado a 16 de junho, atingindo 244 pontos base.

O movimento de subida das yields e do prémio de risco abrange todos os periféricos da zona euro.

A descida das yields das Bunds – designação das obrigações alemãs a 10 anos – pode indiciar que estes títulos voltaram a ser considerados valores de refúgio pelos investidores face ao desenvolvimento da crise grega e na incerteza sobre os efeitos de “contaminação” (para usar a expressão do ministros das Finanças alemão Wolfgang Schäuble).

Com um ‘corralito’ financeiro quase total a funcionar na Grécia, com os bancos fechados até 7 de julho, dia em deverão reabrir, os levantamentos nas caixas “multibanco” limitados a 60 euros por dia e as transferências para o estrangeiro carecendo de autorização das Finanças, o primeiro “acidente grego” deste fim-de-semana – com a convocação de um referendo para 5 de julho e o rompimento das negociações entre o governo helénico e os credores oficiais – já provocou o disparo das yields das obrigações gregas.

No prazo a 10 anos, as yields das obrigações helénicas subiram, na abertura, para perto de 15%, um máximo do ano, e um nível que já não se registava desde a recompra de dívida em mãos de investidores privados que se verificou no final de 2012. Essa recompra em dezembro de 2012 implicou um corte de cabelo de 20,6 mil milhões de euros, que se somou ao hair cut de 107 mil milhões de euros em março e abril daquele ano.

Um dia muito crítico da semana ocorre amanhã. Um segundo “acidente” poderá ocorrer se o Tesouro grego não enviar ao Fundo Monetário Internacional (FMI) um cheque de 1,54 mil milhões de euros até às 18 horas de Washington (altura em que os mercados financeiros da Europa já estarão fechados). O efeito deste não pagamento, a acontecer, terá impacto nos mercados financeiros no dia seguinte. Um efeito imediato é a suspensão do acesso da Grécia a fundos do FMI.

O não pagamento ao FMI, a ocorrer, em conjugação com o final a 30 de junho do segundo programa de resgate pela parte europeia, vai desencadear uma cascata de “acidentes” colaterais. O Banco Central Europeu terá de tomar uma decisão sobre a linha de emergência de liquidez (conhecida pela sigla inglesa ELA) a que têm recorrido os bancos helénicos a partir do momento em que o plano de resgate europeu expira e o Fundo Europeu de resgate (o FEEF) poderá declarar a Grécia em “infração”.

RE

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