Construtoras em alerta máximo por causa de Angola. Mas o sector está calejado em lidar com adversidades

ouvir notícia

As construtoras portuguesas encontram-se em alerta vermelho por causa da situação em Angola. O país é o principal mercado externo da indústria, representando perto de 40% da receita anual de 6000 milhões de euros realizada no exterior. Angola tem reduzido o seu peso na carteira de obras, por causa da crescente exposição das construtoras a outras geografias, mas constitui o balão de oxigénio de que a indústria precisa para respirar.

O presidente da AECOPS – Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas e Serviços, Ricardo Pedrosa Gomes, resume o sentimento do sector. Os efeitos da crise em Angola serão “relevantes na atividade futura”, inviabilizando “a reposição da atual carteiras de obras”. A associação estima que Angola represente um terço de uma carteira no exterior de 7000 milhões.

Clientes privados

- Publicidade -

O presidente da AECOPS aconselha as construtoras a operar em Angola “a procurar clientes privados, ligados, por exemplo, à exploração petrolífera” e a outra sectores de atividade que estão a emergir.

Outra medida será a transferência de meios para outras geografias, um movimento que se tem verificado nos últimos anos. Sendo o principal mercado de atuação no exterior, “uma redução da atividade, fruto da situação económica resultante da atual baixa do preço do petróleo, não deixará de ter efeitos relevantes na reposição da carteira”, nota ao Expresso Ricardo Pedrosa Gomes.

O gestor tem como certa “a redução do investimento público em muitos projetos”, já anunciada por responsáveis do governo de Luanda.

Angola não pode parar

Os principais grupos (Mota-Engil, MSF ou TD) preferem não comentar a situação. A luso-angolana Soares da Costa (SdC) está preocupada, mas otimista, acreditando que o programa de obras públicas não será afetado. Como? Através da negociação de financiamento específico no exterior.

António Castro Henriques, o presidente da SdC, espera até crescer a produção em 2015 e diz que todas as obras e projetos públicos estão a andar “à velocidade normal”. Nada foi cancelado ou adiado. A SdC faz em Angola 250 milhões de euros (4% do mercado).

Castro Henriques verifica o esforço do governo para amortecer os efeitos da queda de receitas e sinais dados pelas autoridades indicam “que o país não pode parar”.

A bracarense Casais tem uma visão mais pessimista. Acredita que “as obras em curso não serão afetadas, mas os novos investimentos serão, porventura, adiados”, diz o presidente executivo António Carlos Rodrigues.

Economia interna funciona

A “economia interna funciona”, o único problema “são os pagamentos ao exterior”, acrescenta. A Casais produz em Angola 135 milhões de euros, 45% das suas receitas. E tem a particularidade de exportar elementos de construção, um dos segmentos que serão sacrificados com a política restritiva de transferência de divisas.

Mas António Carlos Rodrigues desdramatiza. A indústria “habituou-se a viver em alerta permanente, há sempre um ou outro mercado que nos tira o sono”.

Na mesma linha, Ricardo Pedrosa Gomes enaltece a capacidade de adaptação das construtoras portuguesas. Mercê da sua longa presença em Angola as empresas “já resistiram a ciclos de baixa do valor do petróleo e sempre revelar capacidade para se adaptar a novas realidades”.

RE

- Publicidade -

Deixe um comentário

+Notícias

Exclusivos

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.