CANELA MAIS FINA: Os “senão” da Democracia

Opinião de Luigi Rolla

Espanha encontra-se com um gobierno en funciones há mais de oito meses e a situação “parece” prolongar-se até umas terceiras eleições lá para Dezembro que, de acordo com as sondagens, não mudará a actual distribuição de votos, não saindo delas um vencedor com maioria absoluta.

De acordo com o artigo 21 da Ley del Gobierno, um governo em funções «Limitará a sua gestão ao despacho ordinário dos assuntos públicos, abstendo-se de adoptar, salvo casos de urgência devidamente verificados ou por razões de interesse geral cuja creditação expressa justifiquem quaisquer outras medida.» Além destas normas expressas na lei, há outras consideradas impróprias, como a agenda internacional que deve limitar-se às actividades relacionadas com a União Europeia.

Esta é uma situação inédita em Espanha e ela só acontece por estar instalada no “nosso vizinho” uma democracia parlamentar, porquanto, semelhante situação nunca poderia verificar-se, por exemplo, em Cuba ou na Venezuela, onde os seus governantes “pensam em tudo”, não transferindo para os seus concidadãos as preocupações da gestão da “coisa pública”, por isto são chamados “paraísos” e exemplos invocados por muitos de nós.

O Presidente em funções Mariano Rajoy, em 2 de Setembro fracassou no seu intento de ser investido presidente ao segundo escrutínio, devido ao voto contrário do PSOE, tendo obtido unicamente o apoio de Ciudadanos. Também o líder do PSOE Pedro Sanchez, e também com o apoio de Ciudadanos, havia tentado obter sem êxito a investidura com maioria simples em 4 de Março, desta vez devido ao voto contrário do PP.

Para um observador independente como eu, – e como eu há milhões de nuestros hermanos que pensam da mesma forma -, chego à conclusão que os grandes culpados da situação inédita e complicada que vive Espanha neste momento, são os dois líderes dos maiores partidos do espectro político espanhol, ou seja, Mariano Rajoy do Partido Popular e Pedro Sanchez do Partido Socialista Obrero Espanhol. Estes cavalheiros põem acima dos interesses da Pátria os seus mesquinhos interesses pessoais, tentando por todos os meios ao seu alcance, ingloriamente, aferrar-se ou trepar até à cadeira do poder.

A atitude intransigente e sectária destes dois políticos, provavelmente, levará os espanhóis a terceiras eleições – lá para fins de Dezembro -, sem que nada mude, porque, segundo a última sondagem, o único partido que subiria seria o PP (mais sete deputados), mas sem obter a maioria absoluta, a menos que, como sugere o ex-presidente Filipe Gonzalez […] – «os líderes dos quatro grandes partidos de Espanha (PP, PSOE, Podemos e Ciudadanos) deveriam renunciar a encabeçar as listas das suas respectivas formações políticas no caso de haver terceiras eleições. Que não tenham vergonha de dizer aos seus concidadãos que se enganaram duas vezes num ano.»

Mas enquanto a Espanha languidesce neste perigoso hiato de poder e com o governo destituído de todo o mando, os 350 senhores deputados e os 266 senhores senadores, também eles ociosamente ao serviço do POVO, continuam usufruindo de todas as mordomias, regalias e benesses reservados à classe, sem correrem o risco de serem despedidos e irem engrossar a longa lista do Fundo de Desemprego, como acontece ao cidadão/contribuinte comum quando a sua empresa não tem trabalho para dar-lhes.

Mas se julgais que todos os 611 respeitáveis representantes do POVO espanhol estiveram todos estes meses sem trabalhar, os equivocáis, porque no mês de Agosto, mês predominantemente de férias, e enquanto todos os outros espanhóis estavam de vacaciones, alguns deputados e senadores andaram em “viagens oficiais”, gastando a bagatela de 600 383,83 € dos contribuintes espanhóis. Isto sim, é espirito de sacrifício!…

Vaya, vaya! Hay que tener huevos, eh!…

São estes os “senão” da Democracia, e a este propósito Winston Churchill disse uma vez: «A Democracia é a pior forma de governo imaginável, à excepção de todas as outras já experimentadas.»

P.S.: – Escrevo esta crónica no dia 11/XI, quinze anos depois do mais clamoroso, sanguinário e vil atentado da História e que vitimou cerca de 3 mil pessoas. Com ele Iniciou o assalto à Civilização, e o Ocidente ainda não aprendeu a lição mais elementar, que a verdadeira arma do terrorismo islâmico não são as bombas, as kalashnikov ou os cintos explosivos, mas as lavagens ao cérebro.

Para TODAS as vítimas de TODOS os atentados terroristas, o meu respeitoso momento de silêncio.

Luigi Rolla

 

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