AVARIAS: O Porto é uma nação, seguido de uma morte anunciada mas nem por isso menos sentida

Vejo o noticiário da uma na RTP um, que é sempre uma forma de se saber como vai andando o mundo, digamos, à maneira de quem edita as notícias. Por exemplo posso fazer uma pergunta que pode ser muito estúpida e extremamente aborrecida para quem não se coser com o chamado universo do futebol: o facto de esta transmissão ser feita a partir dos estúdios do Porto será alheia a que, no resumo que passou do recente FêCêPê – Benfica, não se tenha mostrado a entrada de um jogador portista sobre Jonas, que se o árbitro tivesse atempadamente consultado um oftalmologista, lhe daria no mínimo, um vermelho directo? Venho através deste meu apontamento mostrar a minha declaração de interesses. Tenho simpatia pelo Benfica, mas principalmente retenho as palavras que já me ajudaram a compor muitos Avarias; as transmissões dos jogos de futebol, do Futebol Clube do Porto (sempre as três palavras) a partir da cidade do Porto e em geral em toda a zona norte do país, parecem feitas por jornalistas que só o são, depois de serem sócios/fanáticos/loucos/adeptos do clube, que como dizia João Pinto, em cujo coração existe apenas uma cor, o azul e branco.
Morreu José Pedro dos Xutos e Pontapés. Mais uma vez se vai demonstrando como têm sido miseráveis estes últimos anos para a música popular. Agora uma inquietação minha; sempre me custou ver Paul MacCartney como Sir, Mick Jagger agraciado pela rainha de Inglaterra, como aristocratas semi-decadentes, ou antigos governadores das províncias ultramarinas das terras de sua majestade. O caminho que as coisas tomam é assim mesmo, envelhecemos todos, a carne é fraca (o peixe é melhor) e parece que mais cedo ou mais tarde todos (todos, todos, não, existe uma aldeia gaulesa…) apreciamos uma prebenda, uma sinecura, algo que nos transporte na mama (mama=seio) da História, para um dia sermos conhecidos, com direito a entrada numa enciclopédia como deve ser e não só num recanto do Google. Para que não me perca nos tortuosos caminhos da mente; o quem eu queria escrever era que me entristece e alegra ao mesmo tempo, e em partes iguais, o post – mortem de algumas das figuras da música popular. Pesar e palavras de sentido conforto de muita gente mais ou menos comum, amigos de longa data, de Marcelo, mas também da classe política em peso, e de uma ou outra figura pública mais treinada a ouvir Tony Carreira que propriamente rock. No final o que fica é a proximidade que os portugueses, em geral, têm com os Xutos (alegria), mas também a ideia que o rock é hoje música do situacionismo (tristeza), bem longe da ideia que tínhamos (que eu pelo menos tinha) de lá se espreitar um pouco de revolta, mesmo que não passasse de uma revolta feita de plástico e confetes.

Fernando Proença

Deixe um comentário

Exclusivos

O Algarve vive os desafios duma região que cresceu acima da média nacional

O Governador do Banco de Portugal, natural de Vila Real de Santo António, visitou...

Lar de Demências e Alzheimer em Castro Marim acompanha a elite das neurociências

Maria Joaquina Lourenço, com os seus quase 90 anos, vai caminhando devagar, com o...
00:33:23

Entrevista a Mário Centeno

Recebemos o ilustre conterrâneo, Professor Mário Centeno nas nossas instalações. Foi uma honra imensa poder entrevistá-lo em exclusivo. O Professor, o Governador, deixou os cargos à porta e foi num ambiente familiar que nos falou, salientando que se sentia também honrado em estar naquilo que apelidou de “o nosso jornal”. Hoje, como todos os, verdadeiramente, grandes, continua humilde e afável.

Agricultura regenerativa ganha terreno no Algarve

No Algarve, a maior parte dos agricultores ainda praticam uma agricultura convencional. Retiram a...

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.