AVARIAS: Às armas, às armas

Em período de Verão tudo o que se possa exigir em qualidade das séries, reposições ou notícias, parece não fazer sentido. Ou seja, o melhor é não fazer muitas exigências e, à falta de melhor, levar as coisas na desportiva. Olhar para a televisão de uma forma leve e dedicar mais tempo às leituras, parece-me ser a melhor forma de fazer as coisas. As repetições são mais que muitas, mas parece que ninguém leva a mal. São tempos para se fazerem as devidas revisões e não é que há sempre um episódio da série X, que nos esquecemos de ver ou já não nos lembrávamos como acabava? As únicas novidades são o jogo das transferências no futebol e uma ou outra notícia que nos possa surpreender. Não sei se os meus quatro leitores estão a par, mas os jornais desportivos vendem a maior parte dos seus exemplares na época do defeso, quando o grosso das notícias é composto por mentiras milagrosas que têm como único objectivo ajudar a vender jogadores de futebol. A frase mais popular nestas linhas dedicadas ao submundo das tricas que vendem jornais talvez seja: “olheiros dos principais clubes europeus observaram um treino de Y e ficaram maravilhados.” Não há jogador português que escape a estas honrosas opiniões, desde os que assinam pelo Manchester United até aos que se deslocam de armas e bagagens para um clube chinês da segunda regional. Na televisão tudo fia mais fino: são comentadores e comentadores que, durante uma noite inteira esgrimem argumentos sobre a capacidade técnica e jogo de cabeça de tudo quanto mexe. Tirando o mundo da bola, até agora só deu Pedrógão Grande e Tancos. Sobre os incêndios ainda não se disse, obviamente, tudo e não seremos nós a dizer até onde se pode ir. Na minha humilde opinião só estiveram a mais as imagens da destruição, geralmente em câmara lenta, com música épica ao fundo. Por quê? Porque estão ali apenas para fazerem apelo às lágrimas. E por que, com aquela música, toda a gente já viu composições com golos de Cristiano Ronaldo e defesas de Rui Patrício. É o vale tudo emocional. Mas tudo isso não apaga, em geral o bom trabalho feito pelas televisões.
Sobre Tancos já podíamos dizer que é com a tropa que a porca torce o rabo. Sob a boa presença, mansa e dócil da imprensa portuguesa, os nossos bravos soldados deram a imagem de até onde podem ir, caso lhes seja imputada culpa em qualquer coisa que não lhes cheire bem. De tudo o que se disse em seu favor, admirei-me que as televisões não tivessem nada a dizer sobre uma célebre frase em que se dizia que os soldados que faziam a ronda, não levavam balas nas armas. Não levavam porquê? Por haveria o perigo dos militares se porem aos tiros uns aos outros? Por que na ausência de perigo começassem a caça aos coelhos nos terrenos da base? Não há dinheiro para balas? Se há (espero), porque não as põem nas armas, não vá alguém lembrar-se (sem dúvida, um caso num milhão) de assaltar um paiol para roubar munições? Todos andam a pegar no assunto pelas pontas; eu percebo, com a tropa não se brinca. Mas para mim aquilo é simples: uns não gostam que se fale porque, às tantas, alguém conhecido esteve implicado na coisa. Para os outros, as desculpas servem para lhes salvar o coiro. Por uma vez, a tropa portuguesa foi o saco de pancada da imprensa estrangeira que nos gozou à tripa forra. E nós podemos com tudo, menos sermos criticados pelos de fora.

Fernando Proença

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