AVARIAS

Naice, meu!

Verdade que não sou um moralista da língua, embora o pareça muitas vezes. Pela quantidade de erros que dou (dou sim, ofereço. Nunca vendi um erro e se pensam isso estão muito enganados. Talvez que me estejam a confundir com a minha contabilista), nunca podia almejar a sê-lo: um moralista da língua. Além do mais gosto do verbo almejar. Trata-se de uma palavra redonda, redonda como um tamanco, ó Maria dá-me a escada que eu não chego lá com um banco. Contudo, não sendo um moralista e dando muitos erros gramaticais, ninguém pode duvidar da minha boa vontade: a de defender o português em terras de aquém e além-mar, contra ventos e marés. Outro dia e noutro texto, escrevi sobre a Antena 3. Era sobre o “Toca a Todos”. Não me quero meter mais em acções de beneficência e autopromoção, mas quero só dizer que de um modo geral gosto da música da dita estação pública. No entanto ponho um pé atrás em relação à utilização indiscriminada da língua inglesa para tudo e mais alguma coisa. Eu sei que, mesmo os músicos portugueses usam nomes ingleses a dar com um pau; que cantam em inglês a dar com um pau; que tudo a dar com um pau: mas a estação que se diz de serviço público (é não é? O universo Radiotelevisão Portuguesa e Radiodifusão Portuguesa, são serviço público, penso eu de que), não pode – a troco de se misturar com a tribo que supostamente a ouve – trocar o tuga pela língua da terra da majestade deles. Eu sei que ninguém que vale minimamente a pena, devia falar português. É uma língua péssima, dura e incapaz para intelectuais se entenderem. Quem diz intelectuais, dirá gente muito ligada às novas linguagens digitais, gente para quem o Mundo se resume ao Príncipe Real, Bairro Alto, Londres, Nova Iorque e pouco mais como Sacavém, mas só quando serve de décor a um filme português de autor.

Pois que a cartilha da Antena 3 serve também os interesses práticos dos comentadores de Surf da Sport tv. Eu sei que o dito canal não tem na testa o autocolante a dizer Serviço Público. Mas isso não quer dizer que se abstenham de observar determinados pressupostos. Até que gosto de ver as ondas no Havai: gente de manga curta às nove da matina e uma água convidativa. Mas os comentadores metem ranço. Há uma rapariga que ainda vai civilizadamente falando a língua de Camões, versão vernaculizada, que para o efeito está muito bem. Os outros dois habituais é que não. Não que sejam Jorgejesuseses; aquilo é gente fina, a questão é que precisamos de um dicionário Inglês – Português para perceber o que dizem. Eu sei, vão-me dizer, que existem uma série de palavras técnicas que não terão, por enquanto, tradução. Eu sei disso e assino por baixo, em todos os desportos é assim. Ainda se usa ofsaide para o futebol ou camones para os turistas. O problema é que no Surf (Sport tv) o inglês faz parte integrante do discurso. Outro dia dizia um deles, no meio das inglesisses, que certa onda estava cheia de pauar. Pauar meu, dizemos nós! Isso sim é de valor!

Fernando Proença

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1 COMENTÁRIO

  1. O sôr Proença sente-se bem….de certeza? Bom, vá lá; lá dividiu o lençol quase ao . Eu já nem digo mais nada acerca deste assunto. Quem achar que está mal, e não goste, mude-se. E óspois como entrou logo de pauzoar, o melhor é a gente ter calma, que é para a barca chegar a bom-porto, o que não parece acontecer com os boys comentadores do surf, com aquelas inglesices ó naice que só eles percebem.Mas já agora fique a saber o seguinte: camones, são os americanos; e bifes são os ingleses; os alemães são boches; os franceses são franciús; os espanhóis são nuestros primos hermanos, pacos, olés, espanholada, e tb são espanhóis; e, o resto são xinócas e ókranianos.
    Mudando de assunto, o sôr Proença deu uma boca acerca de Sacavém que é só para os finórios que andam a sacar o guito ao Instituto do Cinema e do Audiovisual (não disse isto, mas digo eu) e que aquela terra é só para nimas de autor. Mas fique sabendo que o Eduardo Gajeiro, aquele rapaz´que é um fotógrafo premiado mundialmente nasceu na terra da fábrica da loiça de cavalinho, que dava emprego a centenas de pessoas. Portanto, a gente tem de conhecer a história, que é coisa que o sôr Proença parece nunca ter estudado nada destas coisas para além dos pontapés que assume enfiar na gramática, e que ninguém tem nada a ver com isso, dizemos nós. Os erros são seus, não se compram nem se vendem, tal como os conselhos, se fossem bons ninguém os dava, vendiam-se.
    Eu não quis dizer que o sôr Proença não percebe de História (para da próxima não levar nenhum calduço), claro que há-de perceber e muito. Eu queria dizer era desta história de Sacavém que eu lhe contei e que vocemecê não sabia.
    Tenho que me ir embora porque o pano já está a tremer. Eu é que tenho frio, e a barraca é que abana. Vái lá vai…Como dizia o outro.

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