Há filmes que mergulham na realidade dura de quem sofre e luta para viver.
Há filmes que retratam a vida dos trabalhadores e as várias formas de opressão e repressão a que são sujeitos.
Há filmes que, ao refletirem sobre a sociedade, estrangulam a indiferença e provocam reações. Reações essas que são visíveis nas formas de luta exibidas nas películas e, sobretudo, nas emoções que despertam no espetador, levando-o a tomar consciência, a refletir, a denunciar e, preferencialmente, a agir na sociedade, de modo a torná-la mais justa e fraterna.
Estas foram as premissas básicas que concorreram na criação de um novo ciclo de cinema organizado em parceria entre o Sindicato de Professores da Zona Sul e o Cine Clube de Faro. Tal como a Drª. Graça Lobo, do Cine Clube de Faro, afirma “Um ciclo sobre os excluídos, os que não têm voz e a sua luta permanente pela sobrevivência, num ciclo em que se questiona o real, desde a força do surrealismo (Los Olvidados, Buñuel), ao realismo britânico (Chuva de Pedras de Ken Loach), a um lado de coreografia operática (Os Camaradas de Monicelli), ao lado metafórico (Los Santos Inocentes de Camus), à crueza de Ford e do seu As Vinhas da Ira. Um ciclo em que se diversificaram estéticas e proveniências, onde se encontram adaptações de grandes obras literárias, mas também excelentes argumentos originais. Em suma, um ciclo sobre a condição humana na sua vertente mais nobre: o trabalho e as relações laborais no contínuo histórico.
Um ciclo que se pretende, portanto, Ação e assim provocar Reação!
Porque o cinema tem o poder de nos envolver, inquietar, provocar…
Porque no escuro da sala, a nossa consciência faz-nos críticos e pode fazer-nos dar um salto.”
A seleção cuidada dos filmes a exibir teve de contar com o entrave de, em Portugal, eles terem direitos comerciais, muitas vezes por largos anos, o que impede que associações sem fins lucrativos ou de carácter formativo possam ter acesso aos mesmos sem despenderem quantias avultadas. Noutros países, nomeadamente em França, o Centre National du Cinéma et de l’image Animée – CNC (correspondente em Portugal ao Instituto de Cinema e Audiovisual – ICA) pratica uma política de negociação de direitos de exceção cultural que permite a exibição de muitas obras nos circuitos alternativos de exibição a preços muitos reduzidos.
Uma vez por mês, de janeiro a maio, será exibido um filme no Instituto Português do Desporto e Juventude, em Faro.
Cada filme será apresentado por um professor do ensino básico, secundário ou universitário, que fará a sua contextualização e um convidado, um agente social que poderá ainda representar uma entidade ou instituição relevante na sociedade, que falará sobre as reações despertadas pelo filme.
Contamos com todos para despertar consciências neste ciclo de cinema que se pretende de Ação… Reação!
Cristina Lourenço
*Professora de História e dirigente sindical