A caminho da última morada

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Não é comum, nem aceitável para muita gente, que se vista vermelho num funeral. Mas se Eusébio da Silva Ferreira foi a exceção tantas vezes, que o levou a merecer honras de Panteão Nacional, também esta sexta-feira o vai ser mais uma vez. Espera-se que as principais ruas de Lisboa se vistam de tons avermelhados, em nome do clube que representou durante anos, o Benfica, para assistir à última passagem dos restos mortais do “king”, a caminho da sua derradeira morada.
A cerimónia oficial de trasladação do jogador de futebol, símbolo benfiquista e nacional, que faleceu a 5 de janeiro de 2014, com 71 anos, tem início marcado para as 15h, no cemitério do Lumiar, mas a verdadeira exumação do corpo para ser colocado num caixão de zinco, como mandam as regras, foi feita na madrugada de ontem, segundo o site Até Sempre, debaixo de algum secretismo, como seria de esperar.

Esta sexta-feira, a urna sairá do cemitério para o Seminário da Luz, onde o padre Delmar Barreiros celebra um missa de caráter privado. O cortejo segue para o Estádio da Luz, onde vai ser feita a primeira curta paragem. É aqui e a partir daqui que se espera maior número de gente. Segundo Rui Costa, comissário da PSP, espera-se “menos gente do que a que esteve no funeral”, mais ainda assim o dispositivo de segurança foi baseado no que foi utilizado para a fadista Amália Rodrigues, há 14 anos, “devido à semelhança no nível de popularidade que ambos têm junto do povo”. Ao todo estarão no terreno cerca de cinco centenas de elementos da PSP. Terça-feira foram realizadas as primeiras reservas de estacionamento junto ao Panteão, mas muitos outros locais estarão bastante condicionados. “Vamos evitar fechar as ruas durante a tarde toda, mas tudo depende da forma como as coisas forem acontecendo no terreno. Se em alguns casos prevemos que as ruas estejam fechadas apenas uma hora ou duas, noutros, é bem possível que fiquem interditos bastante mais tempo”, revela o comissário.

Depois da Luz o cortejo entra na segunda circular (ver infografia), em direção ao Parque Eduardo VII, junto à bandeira nacional, e uma vez aí, a urna será transferida para uma charrete e o cortejo passa a ter escolta a cavalo da GNR.
Seguem-se as passagens pela Federação Portuguesa de Futebol e pela Assembleia da República (AR), antes da chegada ao Panteão, prevista para as 19h, onde a cantora Dulce Pontes irá cantar o hino nacional. António Simões, ex-futebolista, faz o elogio fúnebre e logo a seguir Rui Veloso interpreta duas canções. Um dos tema é “Irmã África”, que cantou com Eusébio há 20 anos, durante um jantar de amigos.

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O Presidente da República, Cavaco Silva usa da palavra e finalmente os restos mortais do ex-jogador irão repousar ao lado do escritor Aquilino Ribeiro, na mesma sala onde já estão o general Humberto Delgado e a poeta Sophia de Mello Breyner Andressen.
Mas ainda antes das cerimónias de sexta-feira à tarde, as homenagens à lenda do Benfica incluem a apresentação já hoje, pelas 19h, no Salão Nobre da Assembleia da República, do ​filme/documentário “Eusébio – A pantera negra”, realizado por Juan de Orduña, em 1973, e que relata a vida do jogador de futebol desde a infância, em Moçambique, até à sua consagração. A entrada é livre mas condicionada à capacidade do espaço.

Estava previsto que pelas 9h15 fosse lançado nos Passos Perdidos da AR o envelope do Dia da Trasladação, com carimbo especial “Trasladação de Eusébio”, numa emissão dos CTT. Até final do mês mantém-se no Átrio Principal da AR, também com entrada livre, a exposição “Portugal Eusébio”, coorganizada com o Museu Cosme Damião. Recorde-se que em 13 expositores estão patentes 13 objetos simbólicos de vários momentos marcantes, quer da sua vida pessoal, quer da sua carreira futebolística, cada um deles ilustrado por uma fotografia, um texto enquadrador e um pequeno filme. O próprio número 13 teria um especial significado para o desportista, por ser o seu número da camisola enquanto jogador da Seleção Nacional.

Nascido a 25 de janeiro de 1942, em Moçambique, Eusébio tem como marcas principais no seu currículo desportivo, a eleição de melhor jogador do mundo em 1965 e a conquista de duas Botas de Ouro (1967/68) e 1972/73). Foi também considerado o melhor jogador do Mundial de Inglaterra, disputado em 1966, no qual foi o melhor marcador, com nove golos. Conhecido pela sua humildade e afabilidade acabou por conquistar o coração de (quase) todos os portugueses e uma dimensão tal que foi unânime a decisão de todos os grupos parlamentares para conceder honras de Panteão, homenageando “o símbolo nacional, o homem solidário, o futebolista e o desportista excecional, evocando o seu estatuto de verdadeiro marco na divulgação e na globalização da imagem e da importância de Portugal no Mundo”, como se pode ler na resolução da AR n.º 21/2015.

RE

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