SMS

Isso parece que ficou pelo caminho

De modo geral, aquelas tais primárias que levaram António Costa à liderança do PS, provocaram uma onda de entusiasmo. Chegou-se a pensar que esse seria um caminho certo para recolocar a crença nos procedimentos democráticos quanto à escolha de candidatos e que tal caminho poderia e deveria comprometer as escolhas do essencial do regime: os deputados.

Chegou-se a pensar que esse seria um método acertado para se acabar com o carreirismo político que, à evidência, levou à confusão entre cargo eletivo e emprego cativo, entre mandato e mordomia, entre exercício público do poder de representação e coisa da propriedade privada dos beneficiários do sistema. Chegou-se a pensar que essa seria um bom remédio para a cura da doença coletiva da abstenção e que, aplicado com a posologia prudente e adequada, haveria de repor a aproximação entre eleitos e eleitores. Foi um sinal de esperança dentro e fora do PS que teve a iniciativa e esse sinal contaminou o melhor que as força partidárias ainda têm para oferecer na tentativa de sobrevivência em pluralismo. Ficou também à evidência que os democratas convictos, sem interesses pessoais e diretos nas disputas de poder, e que, além disso, podem pronunciar a palavra Valores sem peso na consciência, se manifestaram favoráveis a que o processo de escolha do “candidato a primeiro-ministro” não ficasse por aí, chegasse às listas de candidatos a deputados (com primárias nos círculos eleitorais) e aos candidatos a presidentes de câmaras (com primárias locais). Mas parece que tudo isso ficou pelo caminho.

A oito meses das eleições legislativas de 2015, que irão decorrer entre 14 de setembro e 14 de outubro, nenhum dos partidos abre jogo para a disputa dos nove lugares cabem ao Algarve. As listas estão naturalmente já nas cozinhas e estão a ser cozinhadas, e voltamos, portanto aos lugares talhados, negociados, conseguidos, convidados, instados, possivelmente alguns impostos ou pelas circunstâncias, ou pelo labor populista dos interessados ou ainda pela esperteza dos chamados aparelhos onde tanto nadador-salvador da democracia se tem instalado sem saber nadar ou sabendo apenas nadar de costas. Com eleições em setembro, listas a terem de ser fechadas em julho, para primárias este final de janeiro já é tarde. Aliás, a democracia, quando quer, chega a horas; alguns democratas é que se atrasam, e outros nem precisam de relógio julgando-se senhores do tempo.

Mais uma vez, repetem-se os motivos não para se desejar “Boas Eleições!”, mas “Bons Empregos!”.

Flagrante saber alentejano: Por aí, nas prateleiras dos supermercados da região, frascos de mel rotulado como “Mel do Algarve” (Honey of Algarve, p’ró turista não se enganar), mas “produzido e embalado” na Messejana… Ou as abelhas alentejanas já voam tão depressa que perderam a noção de que o Ameixial e a Messejana são da mesma freguesia e lado a lado, ou as abelhas algarvias são lentas a perceber os rótulos. Além disso, o mel é péssimo.
Carlos Albino

Deixe um comentário

Exclusivos

Agricultura regenerativa ganha terreno no Algarve

No Algarve, a maior parte dos agricultores ainda praticam uma agricultura convencional. Retiram a...

Liberdade e democracia na voz dos mais jovens

No 6.º ano, o 25 de abril de 1974 é um dos conteúdos programáticos...

Algarve comemora em grande os 50 anos do 25 de Abril -consulte aqui a programação-

Para assinalar esta data, os concelhos algarvios prepararam uma programação muito diversificada, destacando-se exposições,...

Veículos TVDE proibidos de circular na baixa de Albufeira

Paolo Funassi, coordenador da concelhia do partido ADN - Alternativa Democrática Nacional, de Albufeira,...

1 COMENTÁRIO

  1. De limbos e impérios celestiais políticos, o Utopias confessa nada perceber.
    Como nunca pertenceu a nenhum…! Nenhum partido ou associação de cariz político, por puro desinteresse e independência, mas também por coerência gerada enquanto amante de desportos náuticos desde os Lusitos da MP, em que ele aprendeu que se deve sempre bolinar, e jamais contrariar os mares e os ventos, essa aprendizagem de prudência e coerência ficar-lhe-ia para o resto da sua vida.
    E tanta cautela assim, merece ser observada, visto que o futuro imediato ao que parece, as previsões metereológicas apontam para os próximos tempos da política de consumo interno em termos de marés, perspectivas de navegação que não sugerem ser as mais favoráveis de navegabilidade, por causa dos ventos que sopram do lado Adriático, lá para o pé do Peloponeso, com o novo cavalo de Tróia a chamar-se Alex is o mágico da transformação da falta de notas merquelinas, em qualquer temporal que possa chegar até às águas lusas, tornando-as escuras e revoltas. E se as previsões vierem a consubstanciar-se, de pouco valerá toda a ilusão de que aquela tempestade grega não é capaz de ter algo a ver connosco, antes pelo contrário, tem mesmo tudo a ver connosco, e aí, adeus ó eleições e paradigmas, que pouca valia terão.
    Para finalizar, o Utopias enquanto apicultor registado e com certificado, vive revoltado pela apropriação por parte de certos oportunistas sem escrúpulos a utilizarem-se vergonhosamente do nome “Algarve” para a prática de todas as diatribes contra o consumidor, ao venderem mel de vespas…? (O quê…? As vespas não produzem mel…? Pois por isso mesmo não é mel…é um sarapatel parecido) por o de abelhas algarvias habituadas à sua flora autóctone perfumada e nectarizada pela riqueza do nosso clima temperado. São azeiteiros do mel, respaldados e incentivados pelos merceeiros das grandes superfícies a prestarem um mau serviço à causa melífera.

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.