Vem este assunto a propósito das últimas e variadas notícias sobre RADIOTERAPIA no Algarve. Não quis nem quero acreditar, que os doentes oncológicos de toda a região algarvia, tenham que se deslocar a Sevilha para efetuarem os tratamentos, quer de radiocirurgia quer de radioterapia. Tenho a certeza que, o Conselho de Administração do CHUA é sensível a este problema e luta diariamente para melhorar e humanizar os cuidados de saúde, não só deste tipo de doentes, como de todos aqueles que recorrem ao SNS. Tanto mais que a Presidente do CA, é médica e especialista em oncologia! Não me passa pela cabeça, que por exemplo, um doente oncológico, com todas as adversidades inerentes a esta terrível doença, se tenha que deslocar de Sagres, Aljezur, Lagos ou de Faro a Sevilha para fazer radioterapia ou radio cirurgia. Absurdo total. Até o fiscalizador mor, ou seja, o Tribunal de Contas repudiaria tal deslocação!
Convém, no entanto, relembrar alguns procedimentos relacionados com as aquisições de bens e serviços, sobretudo quando ultrapassados determinados montantes, como é o caso da radioterapia e radiocirurgia no Algarve. Tanto quanto se sabe, trata-se de um custo, que ultrapassa os 4 milhões de euros, existindo apenas uma empresa privada-QUADRANTES, situada na capital da região, pertencente ao grupo Joaquim Chaves, a quem têm sido adjudicados estes tratamentos por ajuste direto e que me lembre até agora o Tribunal de contas e bem não penalizou ninguém! Reconheço, que a abertura de um concurso internacional era imperioso, já que nós nunca sabemos como acordam alguns cretinos do T.C. Quero, no entanto, informar que, a ASSOCIAÇÃO ONCOLÓGICA DO ALGRAVE, criada por um mui digno cirurgião Dr. Santos Pereira, há muito falecido, usufrui de 10% da verba acima mencionada. E quem trabalha na referida associação? Alguns funcionários do Hospital de Faro? E familiares? Será por isso que este acontecimento tem vindo à tona diariamente? Da minha parte, apenas me move a falta de humanização no processo. Se existe Deus, que me livre de uma doença oncológica, para não ter de ir de Portimão a Sevilha fazer radioterapia! Andar 500/600 kms, sabe-se lá em que condições, para fazer um tratamento de 30 minutos! Absurdo e surreal!
Eu também já fui vítima do TC ou de alguns licenciados do TC, enquanto gestor, paguei 10.000 euros de multa do meu bolso, e absolvido mais tarde dada a injustiça de que tinha sido alvo. É o país que temos!
Luís Manuel Batalau
Médico
Portimão, 16 de Junho de 2022