Incompatibilidades

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GRAÇA PEREIRA

Recordo uma afirmação de um conhecido professor de economia, que não pode espelhar melhor a actualidade que se vive em Portugal: “Os Ministros estão firmemente convencidos de que a política económica é demasiado importante para ser deixada aos economistas, tal como a condução da guerra é demasiado importante para ser deixada aos generais.” (Alain Peacock)

É certo que a utilização deliberada por parte das autoridades governamentais de certas variáveis por elas directamente controladas para alcançar objectivos específicos constitui a essência da política económica. No entanto, é importante que essas escolhas efectivas, em matéria de receitas e despesas públicas, sejam decorrentes de decisões racionais.

A política macroeconómica abarca os objectivos que respeitam o funcionamento da economia como um todo, nomeadamente o pleno emprego, a estabilidade do nível de preços, o crescimento económico e o equilíbrio da balança de pagamentos. Mas, como é do conhecimento geral, podem surgir conflitos entre estes objectivos.

Isto leva qualquer “comum dos mortais” a concluir que políticas eficazes com vista ao alcance de um destes objectivos podem ser incompatíveis para o alcance de outros, tornando na prática muito difícil, diria mesmo impossível, alcançar o óptimo, que se prende com o alcance de todos os objectivos em simultâneo.

Assim, perante uma situação de conflito entre objectivos, a óptica mais racional para a formulação da política económica a adoptar no combate à crise que se vive, é aquela que procura escolher de entre todas as combinações possíveis, a combinação socialmente preferível.

Desta forma, a escolha óptima é aquela que maximiza a função do bem-estar social, que leva a um aumento de produtividade e consequentemente a um aumento das receitas fiscais.

Em Portugal, as autoridades preferem manter a pesada máquina estatal, não extinguir serviços, institutos e empresas públicas, não congelar a criação de parcerias publico-privadas, não ter coragem política para pôr fim a este regabofe de empresas, de estruturas e de clientelismos. Optam por continuar com a imoralidade de cortar nas despesas sociais, penalizando sempre os cidadãos.

A conjuntura actual é pura e simplesmente consequência da imprudência gerada pela forma como negligenciaram os sinais há muito dados pela economia.

* Economista
[email protected]

Nota: O autor não escreveu o artigo ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

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