Mario Draghi: mitigar austeridade não, mitigar os seus efeitos sim

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Presidente do Banco Central Europeu exclui flexibilização das metas do programa português.

O presidente do Banco Central Europeu (BCE) manifestou-se hoje contra o abrandamento da consolidação orçamental, mas reconheceu a necessidade de os países mitigarem os efeitos da austeridade assim provocada.

“A questão-chave não é tanto adiar ou mitigar a consolidação orçamental, mas como mitigar os efeitos da consolidação orçamental”, afirmou Mario Draghi, numa audição perante a comissão dos assuntos económicos do Parlamento Europeu (PE), em Bruxelas.

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O assunto foi suscitado pela socialista Elisa Ferreira: “não está em causa o ajustamento, o que está em causa é o prazo do ajustamento e a dimensão, (…) parece-me do mais razoável bom senso que haja um ajustamento em função das circunstâncias das receitas aos países. Posso deduzir que está de acordo com esta posição?”

Draghi começou por dizer que a consolidação orçamental deve ser feita à medida de cada país, ma so resto da sua resposta não deixou margem para qualquer ambiguidade: “se por ajustar às circunstâncias queremos dizer mitigar a consolidação orçamental… não queremos dizer isso, queremos dizer mitigar as consequências da consolidação orçamental”. E acrescentou que os esforços encetados não podem abrandar: “enfraquecendo a consolidação orçamental arriscamos realmente perder alguns dos benefícios pelos quais já se pagaram muitos sacrifícios”.

No curto diálogo que manteve com a parlamentar socialista, o presidente do BCE evitou referir-se directamente a Portugal . Mas numa altura em que o governo português se prepara para negociar com a troika um corte de quatro mil milhões de euros na despesa do Estado, Draghi defendeu que esta é uma das formas de “mitigar” os efeitos da consolidação orçamental. Uma abordagem que tem custos políticos, mas que compensa: “Se os governos tiverem um plano orçamental de médio prazo, detalhado, isso ajuda a tranquilizar os mercados. O detalhe desses planos é crucial, pois para tranquilizar os mercados estes planos de médio prazo têm que ser credíveis. E para isso o detalhe tem que estar lá. E quanto mais detalhado, melhor. E é claro que, quanto mais detalhado for, maior será o seu custo político. Mas ao mesmo tempo, também será maior o benefício do ponto de vista da credibilidade, em termos de spreads e taxas de juro mais baixas”.

O presidente do banco de Frankfurt defendeu ainda que os efeitos da austeridade podem ser mitigados com uma consolidação mais assente em cortes da despesa do que no aumento de impostos e com uma implementação rápida das reformas, nomeadamente do mercado laboral.

Daniel do Rosário (Rede Expresso)
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