AVARIAS: Nem tudo é parvo em Agosto (em TV)

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Colaboradora. Designer.

Brasileiro e um violão num bar: pode não se estar em presença do universo musical mais sofisticado, e até não será descabido dizer-se que o intérprete não estará, na melhor das hipóteses, num quarto nível, certo é que as coisas vão correr bem, a noite vai ser bem passada, o bar é agradável e a bebida corre como gente grande. Há coisas que raramente falham e brasileiros a cantar e tocar, em águas musicalmente calmas, e mexicanos a organizar cartéis de droga, são duas delas; as outras sendo variadíssimas e muitas vezes difíceis de categorizar existem, como o dia depois da noite e a maré vazia depois da preia-mar. Estava-me a esquecer das séries norte-americanas envolvendo detectives, polícias, assassinos e ladrões. Destaco aqui, pela positiva, seja lá o que isso for, “Sem Rasto” e “Casos Arquivados” (Fox Crime). Faça sol, faça chuva (pura retórica, afinal estamos no Verão), lá voltam os compactos das duas séries, na dura tarefa de encher espaços, mais as suas inúmeras temporadas e repetições a dar com um pau. Mais que certo é que já vimos muitos dos originais há tanto tempo que entretanto esquecemos a cara dos assassinos, e, esparramados no sofá, lá voltamos a embarcar como se fosse a primeira vez que estamos perante o sexto episódio da temporada cinco. Caso não os tenhamos seguido (muito menos hipóteses de acontecer se tivermos TV Cabo), então é muito maior a certeza que temos ali uns cinquenta minutos bem passados: são bons os actores, as histórias credíveis (com alguns pequenos problemas, mas estou a falar de uma indústria…), os pormenores não falham, apesar de me fazer impressão que os americanos vistam, na manhã, sempre a roupa da véspera, sem tomar banho, nem sequer lavarem a cara e dentes, os automóveis consigam sempre lugar para estacionar no centro das grandes cidades e os telemóveis tenham sempre bateria (a menos que a perda da bateria seja importante para os bons). As incursões sobre a sociedade americana saem quase sempre bem, sejam ricos ou pobres (não há remediados e isso pode quere dizer qualquer coisa!), num registo que já não é novo, de no fundo-bem-lá-no-fundo-nada-é-o-que-parece-à-superfície; afinal naqueles subúrbios que parecem o espelho da normalidade podem-se esconder o melhor e o pior. O espírito não é novo, mas eles sabem como renová-lo, episódio a episódio, sem que tudo não pareça somente técnica. Com os “C.S.I.” as séries policiais americanas ascenderam a um novo patamar: aí era a imagem e a técnica que nos punham dentro dos estômagos e pulmões, por detrás da bala que tinha feito o seu serviço. “Sem Rasto” e “Casos Arquivados” não querem ser o cânone de nada, nem precursores de coisa nenhuma, mas são óptimos repositórios ficcionados, do pior e do melhor que os seres humanos podem pôr em prática. E, nos tempos que correm, isso já não é pouco.

Fernando Proença

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