Haja respeito pelos contribuintes!
O que se passa neste país é uma vergonha. Há dias, um jornal inglês, dizia, a propósito da corrupção e da crise económica que o nosso país atravessa, que “Portugal é um país demasiado pequeno para tanta gente a roubar”. Efectivamente, entre outros factores que estão na génese desta grave crise, entre os quais, obviamente, a própria situação internacional, não podemos deixar de concordar com o facto de que quanto mais frágil é uma economia, como acontece com a nossa, maiores são as consequências negativas dos actos de corrupção e de outras formas de espoliação financeira, de benesses, de favorecimentos e de negócios especulativos, na actual situação do país.
Hoje, ao invés de se procurar soluções para o enorme déficit das contas públicas, com decisões que, ao mesmo tempo que reduzam a despesa, sejam capazes de dinamizar o crescimento económico, ataca-se o problema com medidas – cortes de salários, reduções de subsídios e um tal aumento de impostos, num inédito massacre do povo e da classe média, como não há memória nestes 36 anos de democracia – que podem lançar o país, a partir do próximo ano, numa recessão profunda.
É que o governo, ao mesmo tempo que estrangula o povo e a classe média com uma austeridade sem precedentes, insiste num despesismo de Estado e numa política megalómana de construção de grandes obras públicas, por agora adiadas mas não excluídas, que não deixa outra saída.
Depois do insucesso do PEC II, corremos o risco destes enormes sacríficios que agora nos são exigidos não servirem para uma efectiva consolidação das nossas contas e para dar um novo rumo à nossa economia, mas apenas para acalmar os mercados internacionais e tranquilizar a banca e o grande capital, que é o que interessa de momento e o que a Europa nos pede.
O mesmo governo, que tanto está a exigir aos cidadãos, não tem qualquer pejo em apresentar no OE do próximo ano uma aumento do endividamento público em mais cerca de 11 milhões de euros.
Como disse alguém, “perdeu-se o respeito pelos contribuintes”.