VAMOS POR PARTES (1): As Portagens da Via do Infante e um debate por fazer

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As portagens da Via do Infante acabam de sofrer um novo aumento neste mês de Janeiro de 2018. É verdade que quase não nos apercebemos dele porque é um aumento poucochinho indexado à taxa de inflação e porque agora os Orçamentos do Estado são aprovados por uma «nova correlação de forças». Mas talvez seja legítimo perguntar enquanto a gente não se afeiçoa de todo aos indexantes:
– então agora o megafone da Manta Rota já não estridula?; perdeu o pio?; voa baixinho?; tiraram-se-lhe as pilhas à mor do défice e dos compromissos europeus e BE e PCP já acham normal, aceitável, justificável, desmunirem-se assim os altifalantes de mão?; então agora é mais meter a viola no saco do que marchas-lentas de protesto?; então agora já se podem votar a favor os Orçamentos do Estado que não prevêem o fim das portagens desde que sejam de um Governo do Partido Socialista?
As voltas que o mundo dá…

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Em Setembro de 2015, na campanha eleitoral para as legislativas, o PS prometeu uma redução imediata de 50% no valor das portagens – e uma Via do Infante tendencialmente gratuita. O Bloco de Esquerda e o Partido Comunista, por sua vez, exigiam e prometiam a imediata abolição. Agora, neste mês de Janeiro, as portagens da Via do Infante acabam de sofrer um aumento indexado à inflexão… Foi, por junto, somando tudo, no que deram os protocolos de entendimento da nova – e, como se vê, dócil para quem governa – «correlação de forças».
As voltas que o mundo dá…

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As obras de requalificação da EN 125 (que no Barlavento se continuam a arrastar penosamente e que entre Olhão e Vila Real de Santo António nem sequer começaram…) têm vindo a demonstrar o que já intuíamos: a estrada, depois de concluída a requalificação, será uma espécie de contínuo traço contínuo entre rotundas. No Barlavento, nos troços entretanto requalificados, a circulação passou a processar-se de modo exasperante, de marcha-lenta, de quase marcha-à-ré, num cenário de óbvia incapacidade de resposta às exigências mínimas de mobilidade da Região. E o Algarve, sobretudo entre Junho e Setembro – e nomeadamente ao nível da mobilidade –, não é uma Região como as outras. Isto é fundamental termos presente – e não se queira fazer de conta que há, sequer, possíveis comparações aproximadas.
E se é verdade que a EN 125 nunca foi uma alternativa à Via do Infante – ela começou entretanto a ser (e sê-lo-á em definitivo depois de concluídas todas as obras previstas no conjunto da via) não mais do que uma rua com funções exclusivas de ligação de aglomerados próximos.
E esta discussão, sem megafones nem apressados cartazes de campanha, é que se justifica e nos interpela e devemos ser capazes de saber fazer (PSD incluído, obviamente) procurando consensos na Região e iniciando um debate que tarda a cada dia que passa.

Carlos Barros

* (Deputado do PSD na Assembleia da República)

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