VAI ANDANDO QUE ESTOU CHEGANDO

Com uma comunicação social dominada na sua maioria pela direita e centro direita, cada vez mais iguais, na propagação da calúnia e da intriga política, não é de estranhar que a cada passo surjam inverdades os meias verdades, num processo político que em suma visa o actual governo e nele os acordos de governação que PCP, Bloco e PEV realizaram no sentido de viabilizar a governação que tem estado em curso e, ao que tudo indica, permanecerá até finais da actual legislatura. É esta situação que os enfurece e os faz destilar ódio, recorrendo a práticas em que a calúnia se confunde com desabridos ataques ao governo e aos Partidos à esquerda, procurando condicionar decisões, ou mesmo revertê-las, porque as mesmas dirigiam-se em direcção diferente ou mesmo oposta aos grandes interesses económicos de que se alimentam.

A mais recente calúnia prende-se com o ataque torpe que está sendo feito ao Ministro das Finanças por este ter pedido para ele e seu filho, dois bilhetes para a Tribuna Presidencial, a fim de poder assistir ao dérbi da capital. Ocultando para tal duas questões essenciais: que o Ministro por razões de segurança não pode ser confundido como qualquer outro espectador normal e por outro lado omitindo que para aceder ao camarote presidencial não existem bilhetes à venda, logo não estava em causa a utilização particular de dinheiros públicos. Segue-se agora a acusação de trocas de favores em torno de favorecimento ao filho do Presidente do Benfica no pagamento do IMI, mas alguém de bom senso acredita nesta farsada? Mas é neste mar que continuamos e continuaremos a viver, transportando também para o futebol o ódio entre adeptos num registo irresponsável de baixíssimo nível.

Tinha prometido aos leitores na crónica anterior emitir a minha opinião sobre toda esta guerra em torno do financiamento aos Partidos. Antes de mais para afirmar que não existe democracia sem partidos. Mais, embora acompanhando e valorizando o papel das redes sociais, mas as leis do País são aprovadas na Assembleia da República diferente de uma reunião de condóminos. Também para sublinhar que o CDS/PP que ao longo de meses participou nas reuniões de trabalho (e não está em causa a divergência de opinião sobre tão sensível matéria) poderia ter expresso tal critica, em vez de esperar pela onda em boa parte demagógica e desvalorizadora do papel dos partidos em democracia, para retirar rendimentos excessivos e de alguma forma incoerentes com o posicionamento que até aí tinha mantido.

Mas, regressando ao processo, diria, em primeiro lugar, que a forma como foi conduzido ao longo de meses sem que da comissão de trabalho resultasse qualquer notícia sobre o que estava em causa, deixou margem de manobra para a contra informação servida como é hábito pela inverdade e a demagogia que lhe está associada, num contexto que acabou por facilitar o veto do Presidente.

Em matérias de facto inclino-me para que não haja isenção completa de pagamento de IVA, embora me pareça que será difícil objectivar a destrinça sobre o que se destina à exclusiva função de levar o mais longe a mensagem partidária, que o financiamento deve ter como fonte principal dinheiros públicos devidamente escrutinados, que as contribuições individuais devem ter um tecto de suporte, para cujo montante deve imperar o bom senso.

Que alterações ao sistema de financiamento dos partido é necessária não me restam dúvidas, tendo caminho aberto, como já o tinha tido, mas agora sem secretismos desnecessários, para resolver no maior dos consensos um problema do funcionamento da democracia.

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Carlos Figueira

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