VAI ANDANDO QUE ESTOU CHEGANDO

O dia 12 de Outubro é a data de celebração de Espanha como Nação. Com o mesmo significado que o nosso 10 de Junho, dia de Camões e das Comunidades Portuguesas assim chamado após a revolução de Abril, já que antes, em tempos de ditadura, era chamado pelo Dia da Raça.

Mas o dia 12 de Outubro tem particulares singularidades para VRSA. Coincide com a Feira da Praia momento de importância para comércio e restauração. Porque se trata de uma invasão pacífica dos nossos vizinhos que de tal forma assumem a sua presença em espaço e oralidade, que faz jus a duas medidas: passou a ser conhecido pelo “O Dia dos Espanhóis“ e dada a sua importância a autarquia decidiu desde há muito dar folga aos seus funcionários, num singular reconhecimento entre margens que nos dividem e aproximam.

Tratou-se este ano de outra particularidade já que na Vila se cantava e se faziam compras, se bebia e se comia pacificamente, do outro lado, no Mediterrâneo, se extremavam posições na Catalunha em tono do diferendo sobre a reivindicação não só da consolidação do estatuto de autonomia mas quanto à aspiração de se tornarem num Estado independente. Conflito que permanece sem soluções credíveis à vista.

Mas a invasão pacífica e graciosa que se verifica quanto à presença dos nossos vizinhos dá pretexto, nos quais me incluo, para sair da Vila e procurar outros destinos para almoçar pacífica e descontraidamente.

Os espanhóis em regra comem mais tarde que os portugueses, daí que entrei descontraidamente num restaurante com imensos lugares vazios, para minha satisfação pessoal. Má apreciação da circunstância porque poucos minutos depois o espaço era absorvido pacificamente pelo pessoal nosso vizinho.

Tenho como jeito, sobretudo quando estou só, em propor-me a adivinhar o que farão as personagens que me estão mais próximas e nesse sentido na mesa que tinha em frente foi ocupada, a meu juízo, por três gerações, o que não era difícil de adivinhar. Um casal mais idoso um deles já com dificuldades visíveis de visão, a par de uma senhora seguramente sua mulher, portadora de uma figura de uma magreza esquelética e o centro da mesa era protagonizado por uma figura de barba ampla e chapéu de marinheiro que nuca tirou enquanto comia, um daqueles exemplares a fazer lembrar as histórias aos quadradinhos que a minha geração devorava com emoção. A restante companhia como se percebe era mais jovem, sem grande interesse para observação e adivinhação. Comeram o prato do dia o que anunciava a origem de uma pequena burguesia sem grandes recursos, já que os espanhóis quando se dispõem a comer são mais ousados que a generalidade dos portugueses.

As notícias e observações que decorrem de uma primeira observação sobre o funcionamento e movimento de negócios no seio da Feira da Praia dão conta de um volume que desde há muito não se verificava. Oxalá que assim seja.

Por último deixo-vos esta reflexão. Existe em todos nós, humanos, um lado oculto que se manifesta para o bem ou para o mal nessa manifestação. Nunca conhecemos tudo. Talvez tenha que ver com educação, vivências, consciência social adquirida, pesando nesse sentido a ética, o respeito pelos outros. A igreja procurou o equilíbrio mas de todo não o conseguiu tal como algumas das ideologias que se propunham alcançar tal desiderato.

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Carlos Figueira

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