VAI ANDANDO QUE ESTOU CHEGANDO

Embora com alguns dias largos ainda para cumprir, assalta-nos a necessidade de preparar o regresso à Península. Consolidar a passagem aérea, organizar o acolhimento em Sevilha, marcar consultas, preparar-se para outro ritmo de vida, sinal de fim de férias.
A paisagem humana é agora em tempo de férias, dominada por catalães cuja língua que por aqui se fala, o Menorquim, se distingue em pequenos pormenores da que se fala na Catalunha. Arrisco a enunciar como exemplo o que distingue o português falado em Cabo Verde ou em Angola por exemplo. A mesma língua com as mudanças que as diversas culturas introduzem, e por aqui se expressam, num País erguido a partir de múltiplas nações e culturas, que em conjunto foi possível construir o poder de uma grande Nação.

Numa ilha cuja superfície é, em grande parte rasa, em tempo de verão tens de consultar qual o vento predominante, para te assegurares um lugar tranquilo e quente numa das múltiplas praias existentes a distâncias curtas. A tensão cresce quando se trata do vento norte que por aqui lhe chamam Tramontana e, em tempo de varrer a ilha sem protecção, cria um ambiente propício a abandonos e até mesmo a suicídios. Tivemos sorte porque só um dos dias tivemos, num céu marcado por cinza, que enfrentar tal incomodidade.

Voltamos num fim de tarde a um conhecido restaurante que constitui uma simbiose entre uma loja gourmet e o restaurante em si mesmo. A oferta é larga e toda de grande qualidade. Descobrimos que a cozinheira é portuguesa. Senhora de meia idade oriunda dos arredores de Vila Nova de Gaia e que hoje, pelo tempo que por aqui leva, já fala um pouco em termos que poderíamos identificar como portunhol.

Desta vez a conversa teve tempo para se prolongar. Ficamos então a saber que o seu objectivo era o de recompor a cave da sua casa, onde durante anos trabalhou sozinha, a fabricar rolhas que entregava ao grupo Amorim. Num desconcerto de vida que a conduziu à emigração tem agora como objectivo, diria que contraditório com o seu trajecto, melhorar, modernizar o parque de máquinas para alguém, a encontrar, seguir o seu percurso anterior, embora com maior produtividade, vivendo agora da renda que tal situação lhe possa propiciar. Vá lá saber-se porquê!

Continuo a seguir de longe o que se passa na vida política do País, com um sentimento de profundo desencanto. De súbito comentaristas, jornalistas, Presidente da República, toda uma imensidade de gente percebe de florestas enunciando as mais desencontradas opiniões o que em si mesmo não seria desadequado se as mesmas fossem suportadas em análises sérias e não, como acontece, suportadas em teorias gerais sobre um assunto que em si mesmo é complexo e não se resume só à quantidade de biomassa acumulada.

Mas neste contexto de exploração ao grau máximo da tragédia, por parte de todos os órgãos de informação, ao ponto de um deles em directos sucessivos, dar conta da caída de um helicóptero que se verificou não ser verdade, o episódio em torno da lista do número de mortos que envolveu escandalosamente o Semanário Expresso numa linha editorial próxima do Correia da Manhã, e o posicionamento que sobre tal matéria constituiu por parte de toda a direita uma arma de arremesso, que constitui um comportamento não só indigno, como a descida aos infernos do grau zero em política.

Aliás pelo que por aqui vou lendo de facto a vida política do País continua marcada por parte da direita pela meia verdade e a fabricação da intriga, ao ponto do “pequeno saltitão “ Marques Mendes ter agora descoberto, com ampla repercussão na comunicação social, um fosso político entre Marcelo e Costa como se de repente se ignorasse o posicionamento político que ideologicamente os separa. Em férias as notícias são poucas mas convém não exagerar.

Voltarei ao contacto com os leitores em Setembro. Até lá boas férias a quem as poder usufruir.
[email protected]
NB: Defendo que o aeroporto de Faro se passe a chamar
aeroporto do Algarve Manuel Teixeira Gomes

Carlos Figueira

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