VAI ANDANDO QUE ESTOU CHEGANDO

A entrada do Suão deve ter contribuído para as altas temperaturas que vamos suportando, perto dos 40 graus, que se estendem para além da claridade do dia. Não é ambiente em que me sinta confortável. As minhas fragilidades físicas suportam mal quer as altas temperaturas de agora como as que no Inverno atingem abaixo dos 10 graus. Mas felizmente o Algarve tem a qualidade ambiental de nos permitir viver boa parte do ano com temperaturas médias. Mas, confesso, que nestes últimos dias qualquer percurso de 100 metros transforma-se num acto de sacrifício que me deixa completamente exausto. É da vida.

Estamos vivendo um mês festivo marcado pela homenagem aos santos populares, a par de alguma tensão política em resultado dos trabalhos preparatórios do Orçamento de Estado para o próximo ano. É portanto natural que, em particular nas forças que à esquerda dão apoio a este governo, se perfilem propostas para arrancar medidas mais conformes com os seus programas. Todavia não creio que daí saia qualquer rotura e portanto com votos favoráveis ou abstenções o OE acabará por ser aprovado.

Aliás a última estimativa publicada no último sábado pelo Expresso dá nota, apesar da continuidade da subida do PS à custa, prevejo eu, do emagrecimento do PSD, à esquerda mantém-se desde algum tempo um quadro de alguma estabilidade entre PCP e Bloco o que não convida a grandes ou pequenos exercícios de rotura.

Mas são as eleições autárquicas que, como é natural, vão marcando a actualidade política com o facto singular da apresentação de grandes projectos de transformação espacial de áreas até agora abandonadas, como foi o caso de Faro durante a semana passada, como se de repente a modificação da antiga área industrial saísse do nada. Ou, do mesmo modo, a apresentação pelos deputados eleitos pelo Algarve do PSD, de um conjunto de intenções legislativas em torno de problemas por demais conhecidos na região (novo Hospital, obras na EN125 no troço Olhão VRSA, nova pavimentação na Via do Infante, entre outras) num calendário do qual não se tem sequer data para serem apresentados e sobretudo discutidos na Assembleia da República. Sou a favor de tudo o que é proposto mas tenho as maiores dúvidas quanto à sua eficácia real. Temo por tal, que a operação tenha servido para alimentar discursos, mais ou menos inflamados, no quadro das eleições autárquicas.

Realizaram-se nestes últimos dias duas importantes eleições para a Assembleia dos respectivos países, Inglaterra e em França, embora nestes último ainda sujeito a uma segunda volta para definir a composição final do futuro parlamento. Na opinião publicada, antes e após os resultados obtidos em cada um destes Países, pese embora todas as diferenças que os separam, em termos de propostas políticas e resultados obtidos, existe um traço comum de rendição ao centrismo, como se as propostas da esquerda, da sua própria existência, sejam consideradas como algo estranho, fora do sistema, no mundo em que hoje vivemos.

Curioso a esse propósito verificar os comentários que ao longo de meses tratavam a candidatura dos trabalhistas em Inglaterra sempre sobre o anúncio de uma derrota humilhante. Contra tais pronúncios, o candidato Corbyn, claro representante da esquerda trabalhista, obteve um resultado que o aproximou da vitória. Todavia, por cá, VJC no Público de 11 de Junho afirmava, que “um líder tão pouco carismático e anacrónico, típico representante do socialismo britânico“ e, mais adiante, com “receitas anacrónicas como o regresso ao estado-providência e nacionalizador dos saudosos tempos do Labour“ tinha afinal mobilizado eleitores e em particular jovens, em torno de uma proposta alternativa ao blarismo pançudo, rendido ao centrismo. Que o PS em França tire as devidas lições da profunda derrota a que foi sujeito. Porque, contrariando tais profecias, hoje torna-se claro que o regresso aos princípios é o que justifica a existência do PS como força política.

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NB: Defendo que o aeroporto de Faro se passe a chamar aeroporto do Algarve Manuel Teixeira Gomes

Carlos Figueira

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