No que respeita ao Algarve, os resultados da 29 ª Cimeira Ibérica, desta vez com maior focagem nas regiões transfronteiriças, pelos resultados anunciados, constituíram forte decepção para a região fronteiriça que a Sotavento nos separa dos nossos vizinhos. De facto foi a região com menores projectos a considerar a pesar nos respectivos apoios (9 milhões de euros) que rapidamente se esgotarão nos dois projectos anunciados: a reparação do tabuleiro da ponte e o desassoreamento do Guadiana até Mértola. Não está em causa a justeza dos projectos a candidatar até 2020, o que está em causa é que mais uma vez ficam de fora, entre outros projectos, a ligação de VRSA a Beja, tal como uma nova ponte a Norte para tornar mais fácil o acesso de Alcoutim a São Lucas do Guadiana, tal como também ficou de fora a ligação ferroviária entre Ayamonte e Huelva de inegável interesse para estas regiões fronteiriças. Neste quadro, sem novas infraestruturas, em matéria de transportes rodoviário e ferroviário, mais difícil se torna atrair investimento.
Um interessante estudo publicado no JP de 3 de Junho acerca dos efeitos da entrada em vigor da Lei de limitação de mandatos autárquicos, cujo primeiro impacto se verificou nas eleições de 2013, dá-nos conta que na altura foram substituídos, por impedimento legal de se recandidataram ao município que até aí exerciam a presidência, 160 cidadãos o que não impediu alguns deles de se candidatarem a outros municípios em idênticas responsabilidades. Alguns deles foram até eleitos, caso de Castro Marim, onde o ex-presidente de Alcoutim ganhou neste conselho a presidência. Já nas eleições de 2017 só 41 cidadãos tiveram de abandonar enquanto 267 se mantiveram nos seus cargos.
A nova Lei permitiu refrescar o quadro de candidatos, diminuindo a média de idades, cortou com mandatos “eternos“ que facilitavam gestões caciqueiras, produzindo um arejamento quanto a novos projectos de gestão virados para o apoio ao desenvolvimento, à cultura, à valorização do património histórico. Com o complemento de novas leis relacionadas com um maior controle da gestão do bem publico e medidas mais severas para quem não o pratica, tornou a gestão autárquica mais transparente e mais acessível aos cidadãos.
Todavia, passados que foram estes anos de interregno, eis que as próximas eleições autárquicas de 1 de Outubro do corrente ano, pelo que desde já está anunciado, haverá um processo marcado pela tentativa de regresso de antigos autarcas na disputa à presidência de vários municípios. São ao casos conhecidos (JP 03.017) até agora de: Isaltino e Joaquim Raposo a Oeiras; Narciso Miranda a Matosinhos; Ana Cristina Ribeiro a Salvaterra de Magos; Fernando Costa a Leiria; Fernando Seara a Odivelas; Carlos Pinto à Covilhã; António Murta a VRSA ; José Estevens a Castro Marim e Valentim Loureiro a Gondomar candidato que define o seu gesto como provocado pelo “bichinho da política“ ele que se considera um “Marcelo em ponto pequeno“ vá lá saber-se o porquê. O poder e o seu exercício dominam vontades e vidas a quem tem pouco mais para dar em termos de cidadania e valores à sociedade.
Há já algum tempo que deveria expor aqui o meu desagrado, desencanto, pela situação da EN 125 sobretudo no troço que conheço melhor entre VRSA e Tavira ou até mesmo Faro, impróprio de uma região europeia até pela exposição perante quem nos visita em férias. Da mesma forma o troço da Via do Infante, entre a saída da Ponte e o desvio para Tavira, igualmente impróprio, com piso cheio de deformações, numa via que todos nós utentes pagamos. Para onde vai este dinheiro?
Carlos Figueira
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NB: Defendo que o aeroporto de Faro se passe a chamar aeroporto do Algarve Manuel Teixeira Gomes