Vai Andando Que Estou Chegando

Opinião de Carlos Figueira

A Semana. Estamos numa semana prenha de acontecimentos a justificar aquela expressão corrente de que, dada a dimensão dos mesmos, nada ficará como antes. De facto, quando a próxima edição do JA chegar às bancas, nesse mesmo dia, se saberá se o Reino Unido fica ou não como membro da UE. Antes da saída do JA, mas já sem possibilidades de noticiar o facto, Portugal permanecerá ou não no Euro da bola. Finalmente, no próximo sábado, se saberá o resultado das eleições em Espanha facto que a ter em conta os números das sondagens que vamos conhecendo podem, a confirmar-se, numa profunda alteração da correlação de forças políticas, neste grande País, seguramente com repercussões em toda a Europa, embora tendo sempre presente as palavras sábias de Sanders quando afirma que as mudanças substantivas na sociedade são um processo longo e não resultam de um temporário processo eleitoral.

Ingleses. Os últimos resultados conhecidos sobre o referendo entre saída ou não da UE apontam para um empate. Tudo estará em aberto. Cameron primeiro-ministro utilizou a arma do referendo para chantagear a UE e obter desse processo maiores vantagens para o seu País. Não contou com o facto de ao mergulhar num labirinto xenófobo o processo deixou de ser por ele controlado realidade que acaba de forma trágica com o assassínio de uma jovem e promissora deputada eleita pelo Partido Trabalhista. O ódio substituiu o debate democrático e esclarecedor enquanto à divisão das partes. Esta é a realidade e perante ela a única actitude, sejam quais foram os resultados na próxima quinta-feira, o que se exige por decência e falta de sentido de estado, a este senhor, era a apresentação por vontade própria da sua demissão.

Mas ainda sobre esta matéria gostaria de referir que não alinho nas teses catastrofistas que inundam em notícias e comentários como se a saída do Reino Unido da EU representasse uma catástrofe que levaria à desintegração da mesma, nem no mesmo sentido, acompanho comentários sobre a ocasional diminuição da vinda de ingleses para o Algarve por efeitos da desvalorização da libra face ao Euro. Facto que ainda está por provar na sua dimensão. Porque antes de tudo pergunto a mim próprio se os ingleses deixam de vir para o sul da Europa (Portugal e Espanha) vão para onde? Para as Caraíbas, para o Oriente, para o Norte de Àfrica de onde deixaram de ir, quando dispõem de um destino a duas horas de casa com segurança, gastronomia, atendimento com a qualidade que se dispoe nestes países ibéricos. Neste contexto acompanho as palavras de Jacques Delors, talvez a figura maior deste projecto europeu, quando numa entrevista a um jornal alemão, o Handesblaff, aconselha a saída dos ingleses da UE porque se têm revelado sempre hostis a uma maior integração europeia, porque sempre se moveram em defesa dos seus particulares interesses, porque haverá outras formas de cooperação que melhor se ajustem a uma ligação amiga entre vizinhos, ao mesmo tempo que preconiza um processo que conduza a modificações no Tratado Europeu.

A Caixa. A direita e o centro direita resolveram no momento em que se negoceia em Bruxelas uma recapitalização da Caixa Geral de Depósito, reforçando a sua posição como banco público, montar uma chicada política com a apresentação de uma comissão de inquérito parlamentar tendente a identificar os autores e responsáveis pelos montantes consumidos em crédito mal parado, como se nos quatro anos da sua última governação este assunto estivesse no segredo dos deuses guardado a sete chaves. Esta oposição optou por uma intervenção política assente em terra queimada. Não lhe auguro grande futuro nem a eles nem à corte de comentaristas que se ocupam a reproduzir o que acima lhes é sugerido. Prevejo que nesta linha numa UE dominada pela direita e centro direita a intriga contra esta decisão esteja a ocupar horas de encontros. Porque na verdade e em consonância com posições expressas por Passos Coelho, como primeiro-ministro, enquanto governaram o País, o projecto era privatizar a Caixa, deixando o País sem o suporte de uma instituição bancária pública com independência para apoiar a economia e particularmente as pequenas e médias empresas. Não há país sem um sólido banco público.

Carlos Figueira

 

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