Telescópio Hubble. Há 25 anos a levar-nos por essas galáxias fora

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Apesar da sua aparência algo tosca, semelhante a um balde prateado com uma antena e dois painéis solares, a agência espacial dos Estados Unidos (NASA) descreve o telescópio Hubble como “o maior avanço na astronomia desde o telescópio de Galileu”.

A 24 de abril de 1990, o primeiro telescópio espacial, um projeto conjunto da NASA e da Agência Espacial Europeia (ESA) batizado com o nome do astrónomo norte-americano Edwin Powell Hubble, largou do Kennedy Space Center na Florida a bordo do vaivém espacial Discovery, para ser colocado em órbita com o intuito de permitir a observação do universo sem a interferência da atmosfera terrestre. Desde então, o Hubble sobrevoa a Terra a cerca de 550 quilómetros de distância e contorna-a a cada 97 minutos.

Contudo o projeto começou mal. Decorridas apenas três semanas, os cientistas responsáveis pela iniciativa repararam que o espelho principal do aparelho tinha um defeito. As imagens únicas de um universo ainda muito desconhecido não eram nítidas. Inicialmente apresentado como uma promessa excecional no campo da ciência e do conhecimento, o telescópio tornava-se assim motivo de escárnio. Porém, em dezembro de 1993 essa limitação foi resolvida e desde então, e usando as palavras da NASA, “a nossa visão do universo e o nosso lugar nesse mesmo universo nunca mais foram os mesmos”.

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Imagens de extrema clareza

O Hubble começou a proporcionar à ciência imagens singulares e de extrema clareza do universo, em luz infravermelha, luz ultravioleta e luz visível. Aliás, a NASA apelida o telescópio espacial de “montanha suprema” pelas imagens que capta sem serem afetadas pela atmosfera terrestre, por nuvens e tempestades, ou pela poluição das nossas megametrópoles.

Assim, através de um ponto privilegiado no espaço os cientistas têm podido estudar planetas, estrelas e galáxias. O Hubble já fotografou buracos negros e captou a existência de quatro luas de Plutão – Hidra, Nix, Cérbero e Estige – até então incógnitas, possibilitou a observação do nascimento e da morte de estrelas e de galáxias remotas, revelou que o universo está a expandir-se a um ritmo mais elevado do que se presumia e mostrou aspetos desconhecidos dos planetas Plutão, Júpiter e Saturno.

Ao todo, o aparelho já fez mais de um milhão de observações e os astrónomos utilizaram a informação recolhida em mais de 12.700 artigos científicos, “tornando o Hubble um dos mais produtivos instrumentos científicos jamais construído”, sublinha a NASA.

Uma das mais conhecidas imagens recolhidas pelo telescópio espacial é “Os Pilares da Criação”, três colunas de poeira cósmica, onde nascem as estrelas, na nebulosa da Águia. Outra foto do Hubble reconhecida no mundo inteiro é a do “Campo Ultraprofundo”, que capta estrelas, galáxias e objetos longínquos, classificada como o retrato mais completo do universo visto no espectro visível.

Um universo que já não existe

A capacidade do Hubble explorar os extremos do universo significa que muitas vezes os corpos celestes que revelou à ciência já terão deixado de existir quando a sua luz chega aos espelhos e lentes do telescópio.

“Todas as observações do Hubble são planeadas aqui”, explica Zoltan Levay, que trabalha no Space Telescope Science Institute, na Universidade de John Hopkins em Baltimore, Maryland (EUA). “Recebemos todos os dados e informação do telescópio e fornecemos esse material a astrónomos do mundo inteiro”, acrescenta.

Levay supervisiona a produção de imagens que são utilizadas para ilustrar ou publicitar o trabalho de cientistas que usam o Hubble. Como tal, quando alguém que usa o aparelho faz uma descoberta importante, Levay e a sua equipa procuram a imagem adequada para ilustrar os resultados. “Usamos a mesma informação que é utilizada pelos astrónomos e produzimos as imagens”, esclarece.

Para criar as imagens fantásticas a que já nos habituamos, o Hubble usa espelhos para atrair grandes quantidades de luz do espaço e depois foca essa luz nas câmaras (diferentes de qualquer outra que usamos no dia a dia para tirar fotografias) e em outros dispositivos do microscópio.

Todavia, é provável que o Hubble venha a passar à reforma. A NASA esperava usar uma nave espacial para o trazer de volta à Terra e exibi-lo num museu, mas o telescópio perdurou para além desse programa. Agora, a agência espacial norte-americana terá de arranjar um outro plano para recuperar a sua maior “estrela”. Apesar dos fãs do Hubble quererem adiar esse momento o mais possível, a NASA irá lançar um novo telescópio em 2018, de seu nome James Webb Space Telescope.

RE

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