O antigo primeiro-ministro socialista acusou o procurador Rosário Teixeira, que investiga o chamado processo Marquês de ter “perdido qualquer sentido da sua responsabilidade” quando reconhece que “nem daqui a seis meses – isto é, um ano depois de me prender – conseguirá apresentar a acusação”. Para José Sócrates, “ao prender sem provas e ao permitir a intensa campanha de difamação sobre mim e sobre o anterior governo do PS, o senhor procurador autoriza a legítima suspeita de que a minha prisão possa ter servido para condicionar as próximas eleições legislativas”.
Quando confrontado pelos jornalistas Paulo Tavares e Nuno Saraiva com as declarações do secretário-geral dos socialistas no Fórum TSF do dia 8 de junho, quando disse que “o PS não pode substituir-se nem à defesa, nem à acusação, nem ao Juiz”, Sócrates respondeu que ao longo de todos estes meses, teve “a solidariedade sem falhas” de todo o PS e insistiu na tese da perseguição política: “tenho a legítima suspeita que a verdadeira intenção da minha detenção abusiva e da minha prisão sem fundamento não foi perseguir crime nenhum mas tão só impedir o PS de ganhar as próximas eleições legislativas.”
Confrontado com as informações veiculadas pela imprensa (Parque Escolar, TGV, concessões rodoviárias, casas na Venezuela, empreendimento de Vale do Lobo, negócios de terrenos na OTA e em Alcochete relacionados com a localização do novo aeroporto), Sócrates voltou a garantir que, nos últimos seis meses, não lhe foi “apresentado um único indício – digo indício, já não falo de factos ou provas – de que tivesse praticado o crime de corrupção” e prossegue numa longa crítica aos métodos de trabalho do Ministério Público que em seu entender está a “agir não como acusador público mas como difamador e como caluniador”.
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