SMS: Finalistas antes do fim

Esta história recente dos “finalistas” em Torremolinos é aquilo a que se chama uma grande embrulhada. Primeiro, eram 800 no Hotel Pueblo Camino Real, depois 1.200 na área de Málaga, julgando-se que a romaria assentava apenas no sul de Espanha, mas, feitas as contas, o número subiu para 8.000 finalistas que rumaram para o país vizinho. Confusão também nas idades. Que tinham 14 anos, 16 outros, enfim também os 17 completos. Confusão também no imbróglio do “bar aberto”. Finalistas do 9.º ano, do 12.º, finalistas na semana de Páscoa. E para complicar a embrulhada, vieram as explicações e as justificações. Do hotel contra “os jovens portugueses” tomando o geral pelo particular, dos pais a alijar a carga com nuances e conveniências, das próprias escolas sobre tais atividades “circum-escolares, dos jovens “contra os espanhóis”, dos principais jornais espanhóis a darem destaque aos “jovens desordeiros portugueses” com repercussão em França, Inglaterra, Alemanha, Itália e Brasil, da polícia espanhola a apurar apuramentos, e de alguma representação da polícia portuguesa pouco mais podendo fazer que ficar a ver navios. Uma grande embrulhada e com partes gagas, sobretudo essa de um ingénuo ou sabido responsável pelo hotel declarar que pensava receber “um grupo de peregrinos”, ou a das agências intermediárias denunciarem o abuso com as cauções ou que a avaliação dos danos está muito além, etc..

Depois das trágicas praxes académicas com caloiros universitários, só nos faltava esta embrulhada com finalistas, uns que possivelmente serão pré-universitários daqui a meses, outros nem tanto, e bastantes jamais.

Quer isto dizer que há oposição ao turismo escolar? Nada disso, antes pelo contrário, o turismo escolar deve ser estimulado. Então qual o problema? O problema é a confusão entre turismo escolar e organização de ambientes concentracionários de livre arbítrio, onde basta haver um pequeno grupo de jovens que estejam contra a sua própria juventude para gerar uma grande embrulhada. E problema também quando, por interesses organizados, se empurra um coletivo circunstancial de jovens para o convencimento de que são finalistas sem estarem a finalizar seja o que for. Escolas e pais têm as maiores responsabilidades nesta matéria.

Pelo que subiu ao noticiário quotidiano, a hotelaria do Algarve defendeu-se elevando os preços, desmotivando assim as agências do ramo da embrulhada. Duvido que tenham procedido bem porque o turismo escolar não pode ser visto como inimigo da hotelaria.

Turismo escolar, sim. Mas magotes apenas para faturar, não. Confraternização de jovens na descoberta e conhecimento de novos ambientes sociais e culturais, sim. Mas festanças sem limites e onde só o exótico pelo exótico substitui o “programa”, com ou sem bar aberto, não. Dá para embrulhada própria dos ambientes concentracionários, mesmo que tais ambientes sejam muito alegres e com muitos peregrinos.

Flagrantes surpresas: É muito provável que as eleições autárquicas tragam algumas grandes surpresas no Algarve. A teoria das favas contadas nem sempre vinga na culinária política. Há nos eleitorados locais uma “inteligência” própria e também inesperada.

Carlos Albino

 

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