SMS: Algarve que, tal como és, fazes 750 anos

Com o Tratado de Badajoz, assinado em 16 de fevereiro de 1267 por Afonso III de Portugal e Afonso X de Leão, o bilhete de identidade do Algarve ficou como até hoje, integrado em Portugal, com o lado de lá na margem esquerda do Guadiana. Nesse dia, portanto completam-se 750 anos de uma convivência entre os que já estavam e os que vieram, todos, ao longo de séculos, contribuindo para que cada um dos respetivos vindouros sentisse como é bom viver aqui, com fronteiras pacíficas e pacificadas. O selo branco colocado nesse bilhete de identidade, não foi por uma partilha de despojos após guerra que chegou a haver, mas um dote por casamento entre Afonso III e Beatriz de Castela, filha de Afonso X. É sabido que a nobreza portuguesa de então considerou que o “casamento foi humilhante para o rei de Portugal”, mas Afonso III calou tal nobreza argumentando que “…se em outro día achasse outra molher que lhe desse tanta terra no regno, para acrecentar, que logo casaria com ela”. E assim ficou provado que o primeiro rei a invocar com legitimidade que era “Pela Graça de Deus, Afonso III, Rei de Portugal e do Algarve”, tratando-se do território tal como continua a ser, além do mais, já percebia de imobiliária.

Com isto, importa observar que um período de 750 anos de Algarve como Algarve definitivo, não é um período qualquer ou sem importância, e que a baliza simbolicamente marcante desse período, 16 de fevereiro, não é uma data sem importância, caso o bilhete de identidade ainda esteja válido.

Nem de longe se sugere mais um festival, um foguetório, um “evento” ou jantarada festiva, mas, havendo ainda tempo, apenas se espera alguma reflexão onde esta pode e deve ocorrer, algum ato próprio de quem, agora com legitimidade também, pode e deve questionar se há identidade para ter bilhete ou se não anda apenas a ver se acha outra mulher que dê tanta terra.

Não vou aqui dizer quem pode e deve dar resposta digna, séria e sábia aos 750 anos que o Algarve cumpre formalmente a 16 de fevereiro. Há algumas instituições do reino que podem, bastantes que devem e duas ou três que têm essa obrigação. Vou observar e não deixarei de concluir.

Flagrante passeio: A vinda de um secretário de Estado ao Algarve para inaugurar o reinício da requalificação da 125 já quatro vezes inaugurado, foi uma triste passeata. E o geral silêncio autárquico perante o maior aumento no País das portagens na Via do Infante, foi um triste silêncio.

Carlos Albino

 

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