SMS: A questão da água

Nesta matéria, a da água, que por vezes não é tão líquida como parece, o Algarve ainda não está muito mal porque não deixámos de nos sentir mais ou menos bem… E longe o agoiro! Mas devemos e temos de refletir sobre a questão. Para já, uma reflexão que implica os comportamentos. Todos sabemos que, de modo geral, os municípios algarvios se preocupam com a questão, alguns até adotam medidas pioneiras que nem todos compreendem porque ainda nos sentimos mais ou menos bem, mas muita coisa não pode continuar em roda livre, se queremos prevenir-nos perante o pior. Não é apenas a água para as torneiras e a água para as regas agrícolas para a cobertura dos bens e usos chamados de primeira necessidade. É também a água do mar que sobe, a água usada nos paraísos do golfe e a água das milhentas piscinas frias e quentes, muito disso sem planeamento adequado, integrado ou feito em função do mais que provável e previsível. Nesta matéria de incúria têm dominado os desenraizados e os paraquedistas. Estes estão nas tintas para o Algarve, estão-se nas tintas para o futuro do Algarve. Não participam nem querem participar, aceitam medidas a contragosto e antes da imposição continuam a viver como se estivessem nas nuvens. Autointitulam-se “investidores” mas, fazendo bem as contas, o Estado e as Autarquias investem mais nesses desenraizados e nesses paraquedistas do que estes nas Autarquias e no Estado. Ao longo de séculos, o Algarve teve disto, desenraizados e paraquedistas com os respectivos “cônsules” locais, e esse é e foi sempre o maior problema da reclamada identidade do Algarve. Estará aqui a explicação para como nunca foi, não é e possivelmente não será possível, promover um fórum credível de discussão sobre o Algarve. Se gritamos para o Caldeirão ou para a zona das serras, não há eco de resposta. Se gritamos alerta para a zona do mar, onde implantaram os maiores erros de uso do território, até que pode e deve falar, responde que não tem voz ou que está rouco. Viu-se e comprovou-se com a questão do petróleo e gás natural, a propósito da qual, eminentes cabeças, algumas doutoradas, surgiram em defesa do inacreditável fazendo crer que sabiam mais que Deus ao sétimo dia.

Por agora, o sistema aquífero de Querença/Silves tem sido uma benesse infalível vinda da profundidade da terra, o mar ainda apenas brinca como criança nos seus avanços e recuos, e os epicentros até sido coisas ara esquecer, quer nas torres construídas em áreas instáveis, quer nos ninhos da minha felicidadezinha alcandorados nas arribas. As barragens vão aguentando e os dramas não são comparáveis aos de outras regiões por onde até há pouco corria mel. Mas os erros são tantos à vista desarmada que já não há tempo para os corrigir, nem recursos para os emendar e muito menos capacidade para enfrentar algum inesperado.

Perante o previsível e o provável, apenas há tempo para refletir, e, enfim, para alguma prevenção e alguns simulacros. Só que até a reflexão tarda.

Flagrante desperdício: Por aí, aqui e além, muito, muito dinheiro gasto em divertimento ou em pseudofestivais que cheira a comissão pelo meio, ignorância no princípio e brincadeiras de adolescentes tardios no fim. A todos teremos que dizer – Obrigado pelo desperdício!

Carlos Albino

Deixe um comentário

Exclusivos

Algarve comemora em grande os 50 anos do 25 de abril

Para assinalar esta data, os concelhos algarvios prepararam uma programação muito diversificada, destacando-se exposições,...

Professor Horta Correia é referência internacional em Urbanismo e História de Arte

Pedro Pires, técnico superior na Câmara Municipal de Castro Marim e membro do Centro...

O legado do jornal regional que vai além fronteiras

No sábado passado, dia 30 de março, o JORNAL do ALGARVE comemorou o seu...

Noélia Jerónimo: “Cozinho a minha paisagem”

JORNAL do ALGARVE (JA) - Quem é que a ensinou a cozinhar?Noélia Jerónimo (NJ)...

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.