SMS: A mentalidade dos Senhores Regedores

É triste mas tem que se dizer. A mentalidade que imperou no longo período da ditadura e do partido único não está dissipada e continua, aqui e ali, a fazer o trabalho próprio do bicho da madeira. Já seria tempo suficiente para o caruncho ter sido erradicado, mas este continua na sua missão de roer. Por informações comprovadas daqui e dali, há carunchos movimentando-se nos seus buracos que são as suas casas naturais. Ou escavam na ingenuidade, ou furam na ignorância, ou abrem canais no analfabetismo das madeiras velhas. Não vou dizer onde concretamente o bicho atua, pois será uma pura perda de tempo abrir guerra contra qualquer caruncho.

Com a aproximação das eleições autárquicas, municípios e freguesias, o caruncho aparece e ouve-se com o seu característico trrr… trr… trrr… É verdade que, para os municípios, o trabalho já esteve mais facilitado. Agora é mais difícil porque a experiência já levou a colocar de lado o pinho não tratado e ao uso de madeira dura, a teca ou o mogno. Se o caruncho tenta entrar na madeira da situação, as oposições aplicam o produto anti-caruncho ainda que as respetivas madeiras transportem, lá muito bem escondidinhos, os ovos de outros carunchos. Mas a liberdade de opinião e a liberdade de expressão, controlam tanto quanto possível o bicho da corrupção da madeira.

O problema maior persiste nas freguesias, em algumas freguesias onde o caruncho, pela sua natureza, julga que o poder é como que coisa da sua propriedade privada. Melhor dizendo, onde o poder é entendido e vivido como o único emprego possível do bicho. E agora, com a limitação de mandatos, o trrr… trrr… trrr… é feito por interposta pessoa. Mas seja o bicho número um ou número dois, a missão de roer é a mesma.

Este caruncho, na ditadura e nos tempos do partido único, tinha um nome – o Regedor. Jamais eleito mas nomeado, o Regedor olhava para o seu poder como se fosse para o seu relógio de pulso. Aqui e além, como disse, por informações comprovadas, continua a haver gente que olha para o seu pulso, e se convence que chegou a hora de roer. Não vou dizer onde, porque é abrir uma guerra contra carunchos isolados é perder tempo. Mas se for necessário como último recurso, a guerra contra a mentalidade dos Senhores Regedores, justifica-se, e, nisto, a democracia não pode nem deve desertar, antes que o bicho termine a sua missão que é minar tudo onde pode até exterminar completamente a madeira do seu alimento.

Os partidos, todos, têm responsabilidades porque ainda não conseguiram, por impotência manifesta, distinguir o que seja “homem bom” de bicho que só faz trrr… trrr… trrr… Há muito bicho da madeira que passa por homem bom cuja bondade não passa de manha. A manha do Senhor Regedor.

Flagrante Amar pelos Dois: Para o tal almejado festival da Eurovisão para 2018, apenas se falou do Porto e de Lisboa. Olhando para o que é, o Algarve deveria ter levantado o dedo, se tivesse dedo.

Carlos Albino

Deixe um comentário

Exclusivos

Algarve comemora em grande os 50 anos do 25 de abril

Para assinalar esta data, os concelhos algarvios prepararam uma programação muito diversificada, destacando-se exposições,...

Professor Horta Correia é referência internacional em Urbanismo e História de Arte

Pedro Pires, técnico superior na Câmara Municipal de Castro Marim e membro do Centro...

O legado do jornal regional que vai além fronteiras

No sábado passado, dia 30 de março, o JORNAL do ALGARVE comemorou o seu...

Noélia Jerónimo: “Cozinho a minha paisagem”

JORNAL do ALGARVE (JA) - Quem é que a ensinou a cozinhar?Noélia Jerónimo (NJ)...

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.