Segunda baixa no governo interino do Brasil por suspeitas de corrupção

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Uma nova semana, uma nova baixa no Governo interino de Michel Temer, que tomou posse no Brasil após o Senado ter votado a favor da suspensão de Dilma Rousseff por um prazo máximo de 180 dias sob suspeitas de ter manipulado as contas orçamentais para garantir a sua reeleição nas presidenciais de 2014.

Depois de, na semana passada, gravações divulgadas pela “Folha de São Paulo” terem conduzido à demissão de Romero Jucá, um dos principais responsáveis pelo processo de destituição de Dilma que foi escolhido por Temer para ministro do Planeamento, esta segunda-feira à noite foi Fabiano Silveira quem decidiu resignar ao cargo de ministro da Transparência, Fiscalização e Controlo.

Em causa estão gravações tornadas públicas pela TV Globo, no programa “Fantástico”, nas quais Silveira, em conversa com o atual líder do Senado brasileiro, Renan Calheiros (do Partido do Movimento Democrático Brasileiro, PMDB), e com o ex-presidente da empresa Transpetro e ex-deputado, Sérgio Machado, critica os investigadores responsáveis pela operação Lava Jato e discute formas de os dois suspeitos de corrupção escaparem a acusações formais no âmbito desse processo.

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A conversa, cujo áudio pode ser escutado aqui, aconteceu na casa de Renan Calheiros a 24 de fevereiro — cerca de dois meses antes da primeira votação da Câmara dos Deputados pelo “impeachment” de Dilma que acabaria por culminar no seu afastamento decidido pelo Senado a 12 de maio — e foi gravada pelo próprio Machado, tornado delator do Lava Jato.

Avança a Globo que, no domingo, Silveira e Michel Temer estiveram reunidos para discutir o conteúdo da gravação, que nos últimos dias gerou enormes repercussões, com chefes regionais do Ministério a abdicarem dos seus cargos em vários estados em protesto, funcionários a “varrerem” o mesmo Ministério e com o sindicato e organizações como a Transparência Internacional a pressionarem pela saída do ministro.

Nesse encontro, Temer terá sublinhado que o teor da conversa é “menos grave” do que a gravação que conduziu à demissão de Jucá por tentar encontrar formas de impedir a continuação da Lava Jato. Nessa gravação, o ex-ministro do Planeamento é ainda ouvido a planear uma “ação política” para afastar Dilma da presidência.

Na sua carta de demissão enviada esta segunda-feira ao Presidente interino, Fabiano Silveira garante que não fez “nenhuma oposição” ao trabalho do Ministério Público e sublinha que não atuou a favor de Renan Calheiros, o homem tido como responsável pela sua nomeação para o Governo de Temer.

Joana Azevedo Viana (Rede Expresso)

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