“Redução não é solução, as portagens são para abolir”

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“O que interessa verdadeiramente não é a redução do tarifário, como defendem PS, PSD e CDS, mas sim abolir completamente as portagens”, defende a comissão

A cerca de dois meses das eleições legislativas, tanto o primeiro-ministro Passos Coelho como o PS-Algarve já manifestaram a intenção de reduzir as portagens na Via do Infante. Porém, para a comissão de utentes, baixar os tarifários não é solução. “É urgente abolir completamente as portagens, devido à tragédia que está a causar à região e ao contrato ruinoso que envolve a PPP”, defende o movimento anti-portagens

 

A luta pela abolição das portagens na Via do Infante (A22) está para durar. Isto, mesmo que o próximo governo, que sairá das eleições marcadas para o próximo dia 4 de outubro, reduza o tarifário. A garantia é da Comissão de Utentes da Via do Infante (CUVI), que voltou a organizar vários protestos este verão junto às residências de férias do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e do Presidente da República, Cavaco Silva.

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Há cerca de um mês, Passos Coelho revelou a intenção de reduzir as portagens na Via do Infante, que foram introduzidas na região em dezembro de 2011. Desde então, a maioria PSD-CDS e o PS votaram sempre contra os projetos de resolução do BE e do PCP que pediam a abolição das portagens.

Ainda assim, o anúncio do primeiro-ministro levou várias associações algarvias, como o núcleo do Algarve da ANJE (Associação Nacional de Jovens Empresários) a sublinhar que, “apesar de tardia, a anunciada descida é uma medida muito positiva para a economia algarvia, nomeadamente para as empresas e as famílias da região”.

Já este mês, os candidatos do PS pelo círculo eleitoral de Faro também defenderam a redução imediata do valor das portagens na Via do Infante, adiantando que “é possível diminuir o valor das portagens na A22 até cinquenta por cento com ganhos para as pessoas, famílias e empresas da região e sem qualquer aumento da despesa pública”.

Os socialistas fizeram as contas e constatam que existe “uma diferença de cerca de 30 por cento” entre as tarifas praticadas na Via do Infante e outras vias portajadas.

CUVI não desarma

Mas, para a comissão de utentes, “o que interessa verdadeiramente não é a redução do tarifário da cobrança de portagens, como defendem o PS, PSD e CDS, mas sim abolir completamente as portagens, devido à tragédia que está a causar à região e ao contrato ruinoso que envolve a PPP, levando o Estado a transferir muitos milhões de euros para a concessionária”.

Esta foi a principal conclusão do debate realizado no passado dia 14 de agosto, em Almancil, que reuniu cerca de uma centena de pessoas, para ouvir o candidato presidencial Paulo Morais.

Dois dias depois (16), a CUVI deslocou-se à Aldeia da Coelha, residência de férias do Presidente da República, onde ironicamente foi “agradecer todas as benfeitorias que Cavaco Silva fez pelo Algarve, como por exemplo, nada ter feito contra a introdução de portagens pelo governo de Passos Coelho”. Nesta deslocação foi entregue uma carta e feita a “festa de despedida” ao Presidente da República.

Já no passado sábado (22), cerca de uma dezena de elementos da comissão foram de forma discreta e sem grande aparato até à praia da Manta Rota, para entregar igualmente uma “carta de despedida” a Passos Coelho, desejando que, “a partir de 4 de outubro todo o governo, (incluindo o primeiro-ministro), faça uma boa viagem para outras paragens, pois não deixa qualquer saudade ao Algarve, basta atentar na tragédia social e económica que as portagens estão a provocar na região”. A carta foi entregue à GNR, já que os manifestantes não conseguiram chegar perto da casa do primeiro-ministro.

“Isto tem de parar já!”

Após estas ações, a comissão de utentes faz um “balanço positivo” e diz que o mais importante foi alcançado, ou seja, mostrar que o Algarve continua a exigir e vai lutar até ao fim pela abolição das portagens na Via do Infante.

Quanto à hipótese de redução dos tarifários avançada agora pela maioria PSD-CDS e pelos socialistas, a CUVI realça que não vai resolver o problema, que “está à vista de todos: as portagens trouxeram mais mortes, mais feridos, mais acidentes… E isto tem de parar já!”.

A comissão de utentes garante, assim, que não se vai contentar com a redução das portagens que têm sido referidos pelo Governo e exige a abolição completa da cobrança na Via do Infante. Até porque, alegam, mesmo depois de concluída a requalificação da EN 125, a estrada nacional nunca será uma alternativa à A22.

O aumento da sinistralidade rodoviária que se verifica neste ano está a dar força aos protestos da comissão. “Muitos condutores, para fugirem às portagens da A22, aventuram-se pela rua urbana 125 que provoca mais de 20 acidentes por dia, um autêntico estado de guerra, não declarado, na região”, acentua a movimento anti-portagens.

“Portagens provocam derramamento de sangue”

“Além do agravamento da crise social e económica na região, com muitos milhares de desempregados a mais e centenas de falências de empresas e outras em grandes dificuldades, as portagens estão a provocar o derramamento de sangue de muita gente inocente! Esta catástrofe tem de parar!”, sublinha a CUVI.

Segundo os últimos números oficiais, os acidentes estão a provocar este ano mais mortos e feridos do que em anos anteriores. Desde 1 de janeiro e até 15 de agosto, foram registados no Algarve uma média de 26 acidentes por dia, segundo dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR).

Em relação a vítimas mortais, a ANSR contabilizou um total de 29 mortes, ou seja, até meio de 2015 já ocorreram tantas mortes nas estradas algarvias como em todo o ano passado (29)…!

Para além da comissão de utentes, o presidente da associação ACRAL também já veio defender este mês a “suspensão imediata” das portagens na Via do Infante. Para Víctor Guerreiro, não fazer nada em relação à cobrança nesta via “só se justificaria se se achasse que já temos excesso de turistas, como, aparentemente, alguns setores da sociedade começam a achar, nomeadamente em Lisboa”.

O presidente da ACRAL defende, por isso, o “fim das portagens da Via do Infante”, medida cujo impacto financeiro estaria desde logo “atenuado” pela recente conclusão da renegociação da parceria público-privada da ex-scut. Mas que, além disso, seria “largamente compensado pela maior mobilidade e satisfação dos turistas, assim como pela redução dos custos das empresas e o consequente aumento da riqueza produzida”.

Nuno Couto/JA

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2 COMENTÁRIOS

  1. A julgar pelao descontentamento de todos os que circulam na EN 125 e na A 22, dos programas eleitorais que conheço, até agora há apenas a manifesta vontade de PDR – Partido do Marinho Pinto, em lutar para a abolição destas portagens, como medida de desenvolvimento social e económica da região , assim como por fim aos números negros da sinistralidade e mortes.
    A luta dos residentes é contária à do governo e não basta vir agora a escassos dias das eleições, dizer que vão reduzir o valor das portagens, isso são apenas manobras políticas que não passam de meras promessas falhadas e ainda que isso vemha a aconter é garantidamente vontade do PDR, acabar com as portagens. Uma vez que se reduz para 50% o seu valor, este poderá ser o fio condutor para a luta do PDR na Assembleia da República para o fim dos pórticos, diz a cabeça de lista no Algarve, pelo PDR.

  2. Meus amigos até parece que não sabem ou não conhecem o governo deste PAÍS , que só pensa em nos tirar a pele , deixem-mos de ter ilusões , agora mostra querer fazer qualquer coisa , mas é só agora , se ganhar as eleições esqueceu .

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