Previsões de crescimento económico vão ser revistas, admite Mário Centeno

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“É absolutamente claro que a atualização das variáveis condicionantes do cenário macro que temos observado é só por si justificativa de uma revisão do nível de crescimento nessa direção.” Por outras palavras: o crescimento da economia portuguesa em 2016 pode ser abaixo do valor inicialmente previsto pelo Governo, assume Mário Centeno, ministro das Finanças, em entrevista ao “Público” esta quarta-feira.

Em outubro, quando for apresentado o Orçamento de Estado para 2017, é possível que as previsões de 2016 venham a ser revistas, admite, sem falar na possibilidade de um Orçamento retificativo.

O Brexit e a queda nas exportações vieram baralhar as contas de Mário Centeno. “O Reino Unido é o nosso quarto maior cliente na exportação de bens, está entre o primeiro e o segundo lugar nas exportações de serviços (…) temos acompanhado, quer internamente quer através de todos os estudos que têm sido feitos sobre o impacto do Brexit sobre a economia portuguesa, e esse impacto é óbvio”, explicou.

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“Decisões sobre sanções não são algoritmos. São políticas”

“Costumo dizer quando falamos de sanções é que as decisões não são algoritmos, porque senão não precisávamos dos comissários. São decisões políticas. É muito importante reconhecer que estamos no campo da política.” Caso as medidas de Bruxelas venham a ser aplicadas, as culpas devem ser imputadas ao Governo de Passos Coelho, diz Centeno na mesma entrevista ao “Público”. “É verdade que o Governo português em 2015 não cumpriu os objetivos a que se tinha proposto, é verdade que o fez num momento bastante incómodo não só para a União Europeia como para Portugal, mas foi exatamente o que se passou”, defende.

Seja qual for o tipo de sanção que a Comissão Europeia escolha aplicar, o ministro das Finanças rejeita que isso seja uma ideia que o deixe confortável. Mesmo que fosse só uma reprimenda moral. “Confortável só estaria com um cenário em que a Comissão Europeia reconhecesse que a construção europeia é um processo que tem de envolver os povos, que tem de ter um processo acompanhado politicamente e que resultasse neste momento numa não-aplicação de sanções.”

Não é possível debater a recapitalização da CGD “durante muito tempo”

Mário Centeno admite ainda, na mesma entrevista, que o estado atual da banca, após o Brexit, “não é o mais condizente com a venda em bolsa” do Novo Banco. Mesmo assim, espera que a venda não seja adiada.

Quanto à recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, afirma que usar dinheiros públicos exige critérios e onde é que vão pesar os custos – se na dívida, e no défice – é importante decidir. “Não queremos capitalizar a Caixa por capitalizar. Uma boa parte do que é necessário para a Caixa é um investimento”, afirma, acrescentando que “não é possível ter este debate durante muito tempo”.

Confrontado com um hipotético cenário de demissão de Carlos Costa do cargo de governador do Banco de Portugal, Mário Centeno não rejeitaria a possibilidade de ser Elisa Ferreira, ex-deputada europeia do PS e recentemente integrada na administração do BdP, a substituí-lo. “O currículo da professora Elisa Ferreira é conhecido de toda a gente, o seu ativismo enquanto deputada europeia nesta área financeira e da regulação e supervisão é conhecido de todos.”

Fábio Monteiro (Rede Expresso)

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