Presidente pede a Passos acordos para formar Governo

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Uma hora depois de se ter reunido com Pedro Passos Coelho, líder da coligação que venceu as eleições de domingo, Cavaco Silva falou ao país para anunciar que encarregou o presidente do PSD de “desenvolver diligências com vista a avaliar possibilidades de constituir um Governo que assegure a estabilidade política e a estabilidade do país”.

Ao mesmo tempo, o Presidente da República pediu aos partidos políticos representados na Assembleia da República que revelem “abertura para um compromisso que, com sentido de responsabilidade, assegure uma solução governativa consistente, como acontece em todas as democracias europeias”.

O recado vai direto para o Partido Socialista, na medida em que o Presidente diz expressamente que o Governo a empossar deverá dar “garantias firmes de que respeitará os compromissos internacionais historicamente assumidos pelo Estado Português e as grandes opções estratégicas adotadas pelo país desde a instauração do regime democrático”.

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Nem o Bloco de Esquerda nem o PCP preenchem pelo menos as duas primeiras garantias que Cavaco menciona: a pertença à NATO e a adesão plena à União Europeia e à zona euro.

O Presidente reafirma contudo que não se substituirá aos partidos no processo de formação do Governo, até porque a Constituição não o permite. “E eu não o farei”, diz.

As condições de Cavaco

Depois de recordar a execução do memorando, Cavaco Silva lembra que “Portugal deve seguir uma trajetória sustentável de crescimento da economia e criação de emprego, que permita a eliminação dos sacrifícios que foram exigidos aos portugueses e o combate às situações de pobreza”.

“Estes objetivos têm de ser alcançados ao mesmo tempo que são cumpridas as regras europeias de disciplina orçamental, tal como acontece com os outros Estados-membros da Zona Euro”, afirmou ainda Cavaco Silva.

Para o Presidente, são ainda “tarefas” fundamentais do novo Governo “assegurar a sustentabilidade da dívida pública, o equilíbrio das contas externas, a redução do endividamento para com o estrangeiro e a competitividade da economia”.

Segundo Cavaco Silva, é fundamental que, neste contexto, seja formado um “Governo estável e duradouro”.

Tempo de compromisso

“Portugal necessita, neste momento da nossa história, de um governo com solidez e estabilidade”, afirma o Presidente, para quem “este é o tempo do compromisso”.

“O país tem à sua frente um novo ciclo político, em que a cultura do diálogo e da negociação deve estar sempre presente”, conclui o Presidente, antes de reafirmar a sua confiança de que as “forças partidárias vão colocar em primeiro lugar o superior interesse de Portugal”.

Curiosamente, Cavaco Silva repetiu neste discurso as mesmas frases que Fernando Medina, o novo presidente da Câmara de Lisboa, usou no seu discurso nas cerimónias do 5 de Outubro, esta segunda-feira.

Medina, que é muito próximo do líder socialista António Costa, disse também que era preciso entendimento e que com estas eleições se abre um novo ciclo político, marcado, precisamente, pela necessidade de “compromissos estratégicos”.

Esta terça-feira à noite reúne-se a comissão política do PS para avaliar o resultado das eleições de domingo e a estratégia a seguir pelo partido. O “recado” de Cavaco Silva não poderá deixar de ser ouvido.

RE

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