Praia da Rocha passa a ter parquímetros durante o verão

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A autarquia defende que os parquímetros vão impedir que as viaturas não ocupem os lugares de estacionamento durante um dia inteiro, “como sucede em muitos casos”

O estacionamento numa das praias mais famosas e frequentadas da região vai passar a ser pago a partir do próximo mês de junho. Com esta medida, que vai durar até ao final de setembro, a autarquia espera arrecadar uma importante verba para amenizar a dívida do município. A oposição está contra por considerar que não existe solução para moradores e comerciantes

 

“Não vou conseguir pagar 14 euros por dia para ter a carrinha estacionada o dia todo junto à minha banca”, protesta a dona Vitalina, uma das vendedoras que há mais de uma década trabalha na Praia da Rocha, em Portimão.

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A medida está a ser encarada com muita apreensão por comerciantes e moradores, e já mereceu também a contestação dos partidos da oposição.

O estacionamento tarifado na Praia da Rocha foi anunciado pela Câmara de Portimão há mais de um ano, nomeadamente nas zonas da Rua do Miradouro, Beco do Sol/Travessa do Sol, Avenida Tomás Cabreira, Estrada da Rocha, parque da Praia Três Castelos e parque junto ao posto da PSP.

Durante o mês de setembro de 2014, a autarquia chegou a fazer uma experiência em três zonas de estacionamento da Praia da Rocha, num total de 167 lugares: Praia Três Castelos (118), Avenida Tomás Cabreira, próximo do miradouro (19) e parque Praia da Rocha, junto ao posto da PSP (30).

Numa segunda fase, estava previsto que se juntassem a estas três zonas mais três espaços, com um total de 153 lugares de estacionamento, nomeadamente na Rua do Miradouro (40), Beco do Sol e Travessa da Rua do Sol (56) e Estrada da Rocha (57).

Porém, até hoje, esta medida nunca avançou, nem são conhecidos os resultados da experiência realizada pela Câmara de Portimão durante o mês de setembro do ano passado.

“Inexistência de solução para moradores e comerciantes”

Esta é uma das principais críticas lançadas, na semana passada, pelo PSD de Portimão, que se manifesta contra a entrada em funcionamento de mais estacionamento tarifado na Praia da Rocha.

As razões apontadas são a “inexistência (não temos conhecimento deste documento), do relatório do período experimental nas duas áreas de estacionamento tarifado que entraram em funcionamento durante o ano de 2014”, assim como a “inexistência de solução para moradores e comerciantes, uma vez que se tratam de estacionamento de superfície, o que acarreta transtornos e prejudica o comércio naqueles locais”.

Os sociais-democratas consideram ainda que este aumento de zonas tarifadas vai ser muito prejudicial para o comércio na Praia da Rocha, lembrando que o mesmo já aconteceu na zona de comércio da cidade de Portimão.

Para o PSD de Portimão, os estacionamentos não devem ser pagos naquela zona sem “um estudo inicial, período experimental e relatório final dos impactos resultantes destas medidas”.

Custos “incomportáveis” para trabalhadores

Também o BE, CDU e Coligação CDS/MPT/PPM já manifestaram a sua oposição à medida do executivo socialista da Câmara de Portimão. Numa moção do Bloco rejeitada à tangente na assembleia municipal, a oposição alerta que a entrada em funcionamento do estacionamento tarifado “pode pesar de forma excecionalmente gravosa sobre as pessoas que trabalham e visitam a Praia da Rocha” e “vai contribuir para o afastamento dos turistas para outros destinos”. O documento frisa ainda que “esta medida vai prejudicar o comércio local como as atividades hoteleiras”.

Já na reunião de câmara onde foi aprovado o regulamento das zonas de estacionamento controlado na Praia da Rocha, o vereador João Vasconcelos (BE) fez uma declaração de voto onde avisa que “um horário de trabalho de 10 horas diárias custará a quantia de nove euros, perfazendo num mês quase 200 euros em taxas, o que se tornará incomportável visto diminuir drasticamente os magros salários dos trabalhadores”.

Autarquia defende princípio da rotatividade

Já a Câmara de Portimão refere que “a ideia é incentivar as paragens de curta e média duração e não impedir os movimentos pendulares de trabalhadores ou visitantes da Rocha, respeitando o princípio da rotatividade, de modo a que as viaturas não ocupem os lugares de estacionamento durante um dia inteiro, como sucede em muitos casos, o que impede as pessoas de irem à Rocha e as obriga a andar às voltas e a gastar mais dinheiro em gasolina do que despenderão em parquímetros”.

A autarquia portimonense – que se encontra numa situação de asfixia financeira, com dívidas que ascendem aos 140 milhões de euros – promete acompanhar a entrada em funcionamento dos parquímetros no próximo mês de junho e avaliar o seu impacto na economia local. Há um ano, Isilda Gomes dizia mesmo, perante uma plateia com meia centena de empresários locais, que “mais vale cometermos um erro e corrigi-lo posteriormente, do que não se fazer nada, na certeza de que nenhuma decisão será tomada que se verifique prejudicial aos negócios dos empresários”.

A câmara realça também que o tarifário destas novas zonas “está em linha com o praticado no centro da cidade” e que foi igualmente contemplada a atribuição de um cartão de residente por fogo, o qual permitirá estacionar na zona de estacionamento de duração limitada a que disser respeito e sem limite de tempo.

Nuno Couto/JA

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