Consequência imediata da entrevista de Passos Coelho à SIC no que toca à coligação: Paulo Portas está amarrado até ao fim da legislatura. “Nunca terei a tentação de responder por outras pessoas. Mas o dr. Paulo Portas é vice primeiro-ministro. Não é uma peça qualquer. E o primeiro-ministro não está a fazer planos de mexer no equilíbrio da coligação e do Governo”, afirmou Passos esta terça-feira.
O nome de Portas pode, assim, ser riscado da lista dos candidatos a comissário europeu, cenário que vinha a ser alimentado pelos bastidores da maioria, mas que sempre dependeria da vontade do chefe do Governo? Marques Mendes afirmou sábado na SIC que Portas queria sair antes do fim da legislatura. Passos tratou de deixar o recado: esqueçam isso.
“Findas as nossas obrigações, cada um tem o direito de decidir” o que vai fazer, afirmou o chefe do Governo. Até lá, a obrigação de ambos é chegar ao fim, defendeu: “O dr. Paulo Portas é vice primeiro-ministro, como eu sou primeiro-ministro, e é nossa obrigação cumprir esta legislatura”.
Passos classificou a sua relação com o líder do CDS como sendo “boa” e contrariou a ideia de que Portas ande ausente do país. “Ele não tem estado a fazer turismo”, disse, mas sim a representá-lo e a desempenhar funções “importantes”. Quanto a irem ou não coligados às legislativas, deixou tudo em aberto: “Um ano e meio em política é imenso tempo”.
Se perder as europeias, Passos Coelho deixou claro que não abandonará o Governo. “Nem pensar. Os governos são avaliados em eleições legislativas.” O primeiro-ministro reforçou a ideia de que não abandona o barco e referiu que “se tiver que pagar um preço elevado” por aplicar um programa de austeridade “como não há memória” está disposto a pagá-lo – foi uma das linhas de força da entrevista.
Sobre as presidenciais, reafirmou que o perfil que defende para candidato do PSD “é próximo do de Cavaco Silva”. Passos disse manter com o Presidente da República uma relação “impecável”.
JA
