Opinião de Santos Leal
O atual Largo de S. Sebastião já foi um aborto no Centro Histórico. O Arranha Céus na Avenida da Liberdade já foi outro aborto no Centro Histórico. Assim, fortes receios na próxima renovação da Avenida da Liberdade que já tem o supracitado aborto que Mário Soares sarcasticamente parodiou como o melhor monumento de São Brás de Alportel para vergonha dos Sambrasenses que defendem o seu Centro Histórico. Pior, não há duas sem três com a “aprovação” da “Renovação do Largo de S. Sebastião e da Avenida da Liberdade”.
Em vez do desperdício com uma obra ainda de custo desconhecido(!), tomando como verdadeiro o propalado “desafogo financeiro da autarquia”(?), não seria prioritário baixar a elevada taxa de IMI? Os Sambrasenses agradeceriam, pois as anuais receitas municipais “per capita” atingem já o valor de dois salários mínimos!… ou até provar a capacidade camarária em resolver o problema das vergonhosas ruínas da Rua João de Deus e do extenso e anestético terreno abandonado no lado Norte da Avenida da Liberdade? ou até uma visível e eficaz política de recuperação de imensos prédios em ruinas no Centro Histórico?
Aparentemente a despropósito, um “empresário da restauração”, todas as noites ia para o Casino do Estoril jogar as receitas de caixa conven-cido que eram tudo lucro!…
Aconselha-se a autora daquele projeto a frequentar na Unesco um curso especializado sobre Centro Históricos. E aos ilustres e putativos membros da “Comissão Municipal de Preservação do Centro Histórico” de SBA, se existem (?), que tenham vergonha no cargo que não exercem…
Na linguagem urbanística aparece frequentemente a expressão critica “obra parola” – in casu – julgando que os outros também são parolos?
O Município já fez obra – a cintura rodoviária de SBA. Parabéns? Talvez não seja favorável para o comércio local? Não há problema pois não é utilizada… Pior, o Município de tal maneira então regulamentou o trânsito do Nascente que este foi todo censuravelmente canalizado para o Centro Histórico versus Praça Velha/Largo de S. Sebastião!…
A propalada defesa do Centro Histórico consiste em canalizar todo o trânsito do Nascente (Tavira), do Sul (Faro) e do Oeste (Loulé) para o Largo de S. Sebastião, que por sua vez conflui para o “cruzamento” da “Rua dos Correios” com a Avenida da Liberdade, onde também conflui o trânsito Norte-Sul da Avenida da Liberdade e aquele da Rua António Rosa Brito, nada menos do que cinco intensos fluxos de trânsito, e tudo ainda com uma perturbadora “zona de acidentes” e assim mais confusão no “desparqueamento” dos veículos ligeiros ou pesados estacionados em “espinha” no troço inicial da Avenida!…
Uma parte deste enorme fluxo de transito é escoado pela Rua Dr. José Dias Sancho situada no Centro Histórico, uma estreita faixa rodoviária de três metros de largura onde circulam perigosamente a velocidades legais mas excessivas, veículos ligeiros ou pesados que podem ter quatro metros de largura, a par(!) de uma faixa pedonal com três metros de largura toda pintada de vermelho!…
À vista um quinto aborto! Só nos resta ver no supracitado “cruzamento” da “Rua dos Correios”, a vergonha do Presidente do Município como “sinaleiro” em alternativa a outra maior vergonha da necessidade de sinais luminosos no Centro Histórico!…
E quanto ao eliminado estacionamento, sem prejuízo para o comércio e para o utilizador, qual é a alternativa para cerca de 50 veículos?
Nem tudo são tragédias. Anime-se Sr. Presidente. O emprego público, direto e indireto, as atividades desportivas, recreativas, artísticas, culturais, e sobretudo as sociais numa população envelhecida que lhe garantem o “voto”, realizam-se a níveis tais que fazem esquecer tudo o que de pior acontece nas restantes áreas… Aqui está de parabéns…
Mas lamento, Sr. Presidente, o Município de SBA está tecnicamente falido!… É V. Exa. que o diz… Na verdade, em 2015, Passivo Total de 9.163.773,88 euros, um trágico Resultado Líquido Negativo de 1.217.470,07 euros e uma Dívida Total de cerca de 2 milhões de euros.
E o documento relativo às contas de 2015, apresentado à Assembleia Municipal, é um verdadeiro mundo da confusão de conceitos que ninguém entende!… Pagamentos ou Recebimentos, Custos ou Proveitos, Despesas ou Receitas, Lucros ou Perdas, tudo é diferente.
Ainda o Município desconhece que as amortizações anuais de cerca de 3 milhões de euros são custos tais como os vencimentos do Presidente, ou noutra óptica uma “despesa diferida” assim provisionada, desconhecendo se foram feitas a níveis adequados…
O Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses de 2015 ainda não foi editado, mas os anteriores não são muito favoráveis.
Do ponto de vista económico, tal como o País, um fracasso e a par de uma tragédia demográfica. Não há investimento privado, nem o Município o estimula!… E quanto a “negócios, turismo e viver” a “Bloom Consulting Portugal City Brand Ranking 2016” coloca SBA em 108º lugar!…
Não existe nenhum estudo sério sobre os fluxos de trafego atuais ou futuros!… Também não existem estudos sérios ao longo do tempo sobre a evolução dos níveis de CO2 no Centro Histórico, que agora vão perigosamente aumentar no Largo de S. Sebastião onde o Município pretende (criminosamente?) instalar uma “zona de lazer”!…
Será que o Município está recheado de “analfabetos”? Os munícipes escrevem ao Município e nunca obtêm resposta!… Assim, a “Democracia Participativa” é ficção com uma infinitésima participação e a Transparência, deixam muito a desejar. Assim o diz a ITM que coloca SBA em 222º lugar!…
A falta de informação e transparência suscitam legítimas suspeitas. Como dizia Lutero: “Oh! Os maus pensamentos… Não podemos evitar que as aves nos voem por cima da cabeça.
Podemos sim é evitar que elas aí venham fazer o ninho”.
Ainda não se conhece o custo mas a obra já está decidida!… Desconhecimento se a obra é realizada p.e. por ajuste direto? Como são calculados os custos, etc.
E como é já tradição no Poder Local, sempre se houve falar em corrupção, justa ou injustamente…
No próximo Inverno,
São Brás vira Inferno.
Olhem, quem se trama
é quem anda na lama…
No próximo ano há eleições autárquicas. “A Bon Entendeur demi sufit”.
Santos Leal
