O país que votou: BE cresce em todos os concelhos, coligação vence em 12 distritos, Braga e Porto penalizam PS

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Pela 15ª vez desde as primeiras eleições em Portugal em 1975, o país foi a votos para eleger um governo. E desta vez, neste domingo, houve 5.374.363 pessoas que se deslocaram às urnas, naquela que se revelou ser a taxa mais baixa de votação de entre todas as legislativas.

Do total de eleitores inscritos, 56,93% votaram, o que significa que neste domingo se registou a mais alta taxa de abstenção (43,07%) de todas as legislativas, ainda que não muito acima das eleições anteriores em 2011 (41,97%).

Houve menos votantes, mais abstenção, mas também houve mais votos nulos – o maior número desde 1985 – e menos votos em branco. O concelho de Melgaço, no distrito de Viana do Castelo, registou o mais elevado nível de abstenção – chegando aos 67,12%. Outros concelhos como Ribeira Grande e Vila Franca do Campo, nos Açores, rondaram uma taxa de 63%.

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Houve 75 concelhos onde mais de metade das pessoas não votaram. Pelo contrário, o concelho do Sardoal, em Santarém, voltou a ter a mais baixa taxa de abstenção do país (29,53%), assim como Vila de Rei em Castelo Branco (29,57%), Mação em Santarém (31,22%) e Vila Velha de Ródão em Castelo Branco (31,84%), onde mais eleitores se deslocaram às urnas.

Depois de terminada a contagem dos votos das 3.092 freguesias do país, que ficou concluída já depois da 1h da manhã de segunda-feira, é possível olhar para o novo mapa eleitoral e perceber o que mudou. A coligação Portugal à Frente (PàF) foi o partido mais votado em 12 distritos, sobretudo no norte e centro do país, entre eles Viana do Castelo, Braga, Vila Real, Aveiro, Bragança, Coimbra, Leiria, Lisboa, Porto e Santarém. Também na Madeira, onde o PàF não concorreu, ganhou o PSD.

Porém, em Castelo Branco, Faro e Portalegre ganhou o Partido Socialista, contrariando o que tinha acontecido nas últimas legislativas, em que o partido mais votado tinha sido o PSD.

Ao olhar para o partido mais votado por concelho, torna-se mais visível que as grandes mudanças estão no sul do país: de todos os concelhos algarvios onde o partido social-democrata tinha vencido nas eleições de 2011, apenas em três venceu a coligação neste domingo. Em todos os restantes, o PS ficou à frente.

Também no Alentejo houve concelhos onde o PS foi o partido mais votado. No distrito de Portalegre, houve nove concelhos que o PSD perdeu para o PS, assim como mais quatro no distrito de Évora.

Pelo contrário, em todos os concelhos do distrito de Bragança e de Viseu, o partido mais votado em 2011 tinha sido o PSD e nestas eleições foi a coligação. Já a CDU perdeu Viana do Alentejo em Évora e Aljustrel em Beja para o PS, assim como Moita, no distrito de Setúbal, e Alpiarça, em Santarém.

As conquistas do BE

Uma das maiores conquistas foi o resultado histórico do Bloco de Esquerda, que conseguiu duplicar o número de deputados na bancada parlamentar. Olhando para os resultados a nível do concelho, conclui-se que o BE ganhou votos em todos os 308 concelhos do país, se compararmos o número de votos nestas eleições com os que foram obtidos em 2011.

As maiores percentagens de voto no BE registaram-se no concelho de Entroncamento, em Santarém (16,23%), e depois nos concelhos de Portimão, Lagoa e Lagos, no Algarve, rondando os 16%. Pelo contrário, o concelho do Corvo, nos Açores, e de Boticas, em Vila Real, foram os que registaram as menores percentagens de voto no BE (abaixo de 3%).

O que também se conclui é que os concelhos de Lisboa, Vila Nova de Gaia e Sintra deram mais 11 mil votos cada um ao BE, em comparação com as últimas legislativas. As grandes diferenças, em termos percentuais, ficam nos concelhos de Vizela, em Braga (13,22% dos eleitores votaram no BE neste domingo, em comparação com os 4,85% que tinham votado em 2011), assim como Constância, em Santarém, Funchal, na Madeira e Fundão, em Castelo Branco, registando as maiores diferenças em pontos percentuais de umas eleições para as outras.

Perdas do PS em Braga e Porto

Já o Partido Socialista perdeu votos sobretudo nos distritos de Braga e Porto: as maiores quebras em termos de número de votos deram-se em 12 concelhos desses dois distritos. Entre eles está Guimarães, Vila Nova de Famalicão, Vizela, Fafe e Barcelos, no distrito de Braga; e também Felgueiras, Santo Tirso, Paredes, Lousada, Marco de Canaveses e Paços de Ferreira, no distrito do Porto.

Em 2011, metade da população de Vizela tinha votado no PS (50,60%), descendo para 37,59% nestas eleições. Porém, o PS ganhou votos em 258 concelhos e perdeu em 50, destacando-se Lisboa com mais 23 mil votos nos socialistas do que o que foi registado nas últimas legislativas.

Os principais saltos, em termos percentuais, na votação no PS estão nos Açores, tendo sido o partido mais votado em vários concelhos. Além do Corvo, nos Açores, também no concelho de Gavião, em Portalegre, e em Vila Velha de Ródão, em Castelo Branco, metade da população votou no Partido Socialista.

As diferenças na CDU

A CDU perdeu votos em 116 concelhos do país e ganhou em 189, estando as maiores quedas, em termos absolutos, nos concelhos de Lisboa, Seixal, Almada e Barreiro. Pelo contrário, Sintra, Gondomar e Vila Nova de Gaia registam as maiores subidas no número total de votos. Em termos percentuais, a principal descida deu-se em Borba, distrito de Évora, onde 17,29% dos eleitores tinham votado na CDU em 2011, descendo para 13,27% nestas eleições.

Também no concelho de Alpiarça, Santarém, a percentagem passou de 34,70% em 2011 para 31,41% na votação deste domingo.

Depois de apuradas todas as freguesias do país, e faltando apenas contar os votos dos 24 consulados, a coligação do PSD/CDS foi o partido mais votado com 38,48% dos votos (104 mandatos), o PS com 32,38% (85 mandatos), o BE com 10,22% (19), a CDU com 8,27% (17) e o PAN com 1,29% (1 mandato). Falta ainda distribuir quatro mandatos.

RE

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