O ALGARVE NO PARLAMENTO: O que se não deve fazer

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Colaboradora. Designer.

Opinião de Fernando Anastácio

Iniciar uma coluna de opinião na denominada silly season convenhamos que é tarefa duplamente difícil.

Por um lado, o desafio de não cair no espírito da época por outro, o tentar acender em cada leitor uma luz de expetativa para leituras posteriores, equilíbrio difícil, mas estimulante.

A tudo isto acresce ainda a minha condição de deputado o que, desde logo e per si, aos olhos da opinião pública, constituiu uma capcio diminutio.

Mas vamos ao desafio!

Algarve, agosto, uma multidão que desce a sul, ávida de “férias” com todo o que tal imaginário lhes concede a respeito das suas expetativas, mas incapaz – perdoem-me os que não padecem de tal maleita – de se libertar das agruras de um ano de trabalho e do stress em que permanente vive e, aproveitar e fruir estes momentos, estes sítios, estes cheiros, estas vivências, as experiências que o Algarve tem para lhes oferecer.

Se algo consegui nestas primeiras linhas que seja, pelo menos, o despertar uma qualquer in-terrogação ou pelo menos uma reação de negação e de repúdio ao que escrevo.

Os sentidos ficam despertos, pelo menos para “malhar” no prosista que até é deputado imagine-se!

Mas queriam o quê?

Que vos falasse de impostos, do IMI e do sol, da GALP, de secretários de estado, da dívida, de incêndios, de sanções, de crimes, de atentados, de doenças, de crise, de miséria, de famosos, das reportagens da CMTV, das opiniões dos comentadores a banhos, desculpem-me, mas isso já têm o ano inteiro.

Mas se estiverem despertos para algo de diferente posso falar-vos da costa vicentina, das belas praias que aí nos são oferecidas. Imaginem um dia no areal e nas ondas da praia do Amado, tudo isso fruído com os sabores da gastronomia que nos oferecem os muitos e bons restaurantes das imediações.

Ou fazendo um salto para o outro lado do Algarve, porque não deleitarmo-nos com a paisagem a partir de Cacela a Velha com a Ria Formosa e o mar azul aos nossos pés, ou mesmo um fim de tarde e principio de noite calcorreando as ruas e ruelas a cidade de Tavira a partir da ponte sobre o Gilão.

Sem ser exaustivo, porquanto o objetivo não é fazer um roteiro turístico, porque não um passeio pela Ria do Alvor e assistir a um por de sol num sítio único – o Restinga – fruindo os sabores e as iguarias que o mar e a ria nos oferecem?

Libertem-se, deixem as filas, façam férias aos shoppings, sintam e vivam o Algarve com tudo o que ele tem para vos oferecer e, descansem, retemperem forças, pois tudo aquilo que não vos falo continua lá e se nos distraímos, antes de percebermos que tivemos férias elas já foram e, lá voltamos nós ao zapping febril, na mira das notícias do dia e a consumir a desgraça do nosso quotidiano.

Merecemos mais, por isso, não enjeitemos e passemos ao lado do que está ali, mesmo à mão de semear, mesmo ao nosso lado e, que por vezes, não estamos preparados para ver.

Em próximas colunas e também já certamente imbuído do espírito que inferniza a nosso quotidiano, voltarei, certamente com a canga da “real life”.

Boas férias, se poderem e forem capazes.

Fernando Anastácio

*Advogado e deputado do PS, mas antes de tudo cidadão

 

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